terça-feira, 12 de julho de 2011

EM BREVE DE VOLTA!

EM BREVE, NOVO BLOG, NOVO VISUAL! AGUARDE... NÓJEEEEEEENTO! TCHAN!


segunda-feira, 23 de maio de 2011

Pausa pro comercial...

A correria está enorme!!! 
E pra vocês não acharem que eu esqueci do meu cantinho preferido e os deuses do bug do blog não me castigarem, segue a divulgação da minha festinha.
A Modinha é produzida, concebida e discotecada por mim e mais 3 sócios incríveis e empreendedores (e loucos, obviamente): o DJ Chu e as lindíssimas e incríveis produtoras Ju Dias e Bel Alvares. 


Em setembro do ano passado, nós decidimos fazer algo diferente: montar a festa que gostaríamos de ir... na nossa casa. Na nossa piscina Tomando e vendendo nossos "bons drink"! Curtindo o verão maravilhoso de Santa Tereza (mesmo antes do verão chegar)... e dividindo com vcs muita música boa e diversão.
A festa foi embargada pela polícia (alô Ten. Carvalho!!!) na hora da abertura do portão... bem na estréia. Choramos, desesperamos, arrancamos os pentelhos.Tomamos prejú grande. Mas, uma semana depois, lotamos a Casa de Espanha no Humaitá. Daí pra frente, o público só aumentou. E hoje, nove meses depois da "Tragédia de Santa", a gente continua fazendo a festa que a gente gostaria de ir. Só que levando mais uma média de 1.000 amigos pra curtir junto com a gente em cada edição.
E teve boatos, que a Modinha! A festa tava na pior. Se isso é tá na pior... POOOOOOOOOOOHÁAAAAAAAAAAAN.... que que quer dizer tá bem, né???
Nos vemos sábado.
;)


Segue o texto de divulgação, feito por mim com a luxuosa colaboração desses loucos festeiros!!!






MODINHA! A FESTA TRAZ A PESSOA AMADA EM DUAS SEMANAS – EDIÇÃO CUPIDO


Doze de junho, pra você, é um dia de celebração? Comemoração? Troca de
presentes? Um dia lúdico onde o amor, carinho, sonhos conjuntos e paixão
desenfreada são a tônica?

Ou é dia de terror, pânico, medo... fuga da realidade?

Dia de pantufas e cobertor, vendo Comer, Rezar, Amar pela décima terceira
vez com um balde de 2L de Häagen-Dazs como companheiro?

Dia de lamentações e lembranças do quanto vocês eram felizes tomando
sorvete na pracinha de Vista Alegre antes dela entrar pra faculdade de Turismo
na Estácio, conhecer aquelas amizades questionáveis, colocar silicone e
começar a namorar um rapaz que conheceu na Boox e cuja renda mensal é
quinze vezes a de toda sua família junta?

Seja o príncipe encantado dos seus sonhos um ex-namorado, um peguete
atual que está te cozinhando porque pega mais umas cinco piriguetes
simultaneamente, ou alguém que você ainda não conheceu, mas seu
coraçãozinho te diz que está muito, muito próximo...

Seja sua gata dos sonhos a vizinha gostosa do 602, a musa da academia que
te olha com ar sacaninha mas tem sempre uma fila enorme de marombeiros
pra ajudá-la no supino, ou até mesmo a ex da pracinha de Vista Alegre...

NÓS TEMOS A SOLUÇÃO!!!

Prepare-se: dia 28 de maio, sua vida vai mudar!

Mais certeiro que simpatia de madrinha.
Mais brabo que reza forte.
Mais sem freio que mandinga de Pai Chimbinha de Oxossi.
Vem ai...

MODINHA! A FESTA TRAZ A PESSOA AMADA EM DUAS SEMANAS -
Edição Cupido

A festa mais divertida e irreverente do Rio, além de fazer você dançar a noite
inteira com sua irresistível miscelânea musical, também realiza fortes trabalhos
como amarração amorosa definitiva, trazendo a pessoa de volta melhor do que
antes do jeitinho do início do relacionamento, abertura de caminhos, astrologia,
tarô, búzios, baralho cigano e abroxamento do rival ou embarangamento da
outra. Todos os trabalhos gratuitos e com garantia de sigilo absoluto. Pedimos
apenas que nos contratem pra tocar na festa de casamento, ok?

DATA:

Sábado, 28 de maio, dois fins de semana antes do “fatídico” Dia dos
Namorados. Ou seja: dá tempo de se conhecer na festa, regular a mixaria no
primeiro encontro, molhar o biscoito no segundo e, BINGO, faturar o presente
no dia 12.

LOCAL:

O seu ninho de amor para uma noite perfeita continua sendo o extraordinário e
envolvente Espaço Acústica, na Praça Tiradentes. Um ambiente diferenciado
para um total e pleno envolvimento dos casais. Três andares de pura sedução,
duas pistas de dança, terraço panorâmico e todo o conforto e requinte que
você e a pessoa amada procuram.

E dessa vez, a equipe da Modinha vai fazer de tudo para a pegação rolar
desenfreada, colocando a sua disposição os Cupidos Especializados da
Modinha com Correio do Amor, distribuição de receitas mirabolantes e
simpatias geniais além do tradicional Jelly Shot pra esquentar o clima, e muito
mais!

E se você é um encalhado profissional, um “liso” de carteirinha, assumido e orgulhoso, nós também pensamos em você: vamos fazer um meio de campo “profissa” e organizar um Speed Date no lounge da Modinha! Não sabe o que é??? Proooooocure saber!!!

DJs:

Os DJs residentes Chu e João Rodrigo encantam as pistas com suas
miscelâneas musicais cheias de amor pra dar! A mistura que vai do pop ao
rock, da MPB dançante a Black Music e leves pitadas de brega, vai flechar os
corações apaixonados até o amanhecer, fazendo você ouvir sininhos e sentir
borboletinhas na barriga!
No telão, o VJ Reflex abusa das projeções apaixonantes deixando os casais
em ponto de bala para a tão esperada união dos lábios.

DJ/ATOR CONVIDADO:

Como não poderia deixar de ser, numa festa onde o intuito supremo é formar
os casais mais interessantes e substanciais da noite carioca, quem vem dar
uma força celestial nessa missão é ninguém menos que... Santo Antônio! O
mestre de todos os cupidos, o santo casamenteiro vai assumir as carrapetas e
dar uma mãozinha com um set especial pra requebrar, sensualizar e finalizar...
tudo, em nome do amor, é claro! E se tudo mais nos for negado, a gente apela
pra Dança da Vassoura (não é aquela do Molejão, não! É a dancinha de rostos
colados e músicas lentas que rolavam nas festinhas americanas do seu colégio
mesmo!).

Dá mole não! Tá na pista pro negócio que nunca fecha? Matando cachorro
a grito? Mais liso que bunda de estatueta? Então todos os caminhos do
amor te levaram à Modinha! A Festa, sábado, dia 28 no Espaço Acustica! Tá
amarrado!!!

SERVIÇO:

Data: Sábado, 28 de maio
Horário: 23h
Local: Espaço Acústica (Praça Tiradentes, números 2 e 4 – Centro) | Tel: 21 2232-1299 http://www.espacoacustica.com.br/site/

Ingressos:
R$25,00 – Antecipados nos pontos de venda ou Ticketronics (http://www.ticketronic.com.br/)
R$30,00 – Lista amiga até uma da manhã (lista.amiga@modinhafesta.com.br)
R$40,00 - Sem lista amiga ou após a uma da manhã

PONTOS DE VENDA INGRESSOS ANTECIPADOS – DISPONÍVEIS A PARTIR DO DIA 18 DE MAIO, QUARTA FEIRA

Diversa – Largo do Machado 29, loja 205 | Tel: 2285-8117
Funcionamento : Seg. a Sex. das 10h às 20h | Sáb. das 10h às 18hhttp://www.dversa.com/
SOMENTE EM DINHEIRO.

Acústica Acessórios – Rua da Carioca, 43 - Centro l Tel:2222-7525
Funcionamento: Seg. a Sex. das 9h às 19h | Sáb. das 9h às 14h |http://www.acusticaperfeita.com.br/
ACEITA CARTÃO DE CRÉDITO E DÉBITO.

Espaço Chic – Rua Barão de Itapagipe, 290 loja I, Tijuca l Tel:2135-8276
Funcionamento: Segunda à sexta das 09 às 18h l Sábado das 09 às 14hs l
ACEITA CARTÃO DE CRÉDITO E DÉBITO.

LOJAS WÖLLNER:

Ipanema: Visconde de Pirajá, 511 TEL.:22393222

Shopping Leblon: 1 º piso TEL.:34961230

Shopping Rio Sul: 2º piso TEL.:22751566

TODAS, SOMENTE EM DINHEIRO!!!

Informações: http://modinhafesta.com.br/

terça-feira, 19 de abril de 2011

A Indústria da Beleza vs O Flerte Fatal ou como está complicado se apaixonar

Sábado, nove de abril, consegui enfim conferir uma Edição “Vivo Rio” da Coordenadas, uma das minhas festas preferidas na atual cena carioca. Curti. Bastante. Fui sozinho (ok, combinei com Bené e Aline Repórter na porta, mas sabia que as duas não iam agüentar muito tempo, não é meninas?rs) e encontrei uma dezena de amigos e conhecidos. O preço das bebidas não fugia em nada aos padrões “estipulados” hoje na noite (R$5,00 a Skol/Antártica) e as filas eram bem suportáveis. Músicas, como sempre, muito divertidas (Dodô fazendo escola) e (pro meu gosto) dançantes all night long, além da boa freqüência. Claro, uma festa que atingiu o patamar de reunir entre 1.500 a 2.000 pessoas, não pode ser composta homogeneamente por nada, muito menos só por pessoas “legais, antenadas e descoladas”. Havia sim uma playboyzada/patyzada maior que “no de costume”, mas nada que me incomodasse. Pelo contrário. Os playboyz me divertiram (um gritou na fila da cerveja, atrás de mim: “Búzioooooos”!) e as Patys me inspiraram na viagem filosófica/comportamental que tive e vou descrever-lhes. Tudo sob o mais total e completo controle!

 Depois de algumas cervejas na cuca, parei pra pensar que já eram por volta de 2:45h da manhã e apesar da quantidade abissal de mulheres “bonitas” (explicarei as aspas), eu só havia me interessado (o interesse fugaz/flerte inicial que uma noitada comporta) por duas ou três garotas, no máximo... e CONHECIDAS! Ou seja: as únicas meninas que de alguma forma me chamaram atenção naquele tsunami de muié eram justamente pessoas que eu já tinha, de alguma forma, no meu convívio!
Parei na parte externa da pista, onde tinha uma visão ampla e um pouco distanciada da situação e comecei a observar: era impressão minha, eu já havia bebido muito ou realmente só havia (ou havia predominantemente) mulheres bonitas naquele recinto? Pelo menos de jeitosas pra cima. Onde estavam as mulheres medianas? As feias??? Onde se meteram as barangas, cassete?????

Eu não estava bêbado! Havia ingerido, no máximo, umas cinco cervejas. Comecei a olhar de forma mais minuciosa e criteriosa. Seriam as roupas? As roupas favorecem muito nos dias de hoje. Os decotes? Os saltos, pernas de fora? Os cabelos muito bem tratados? Ou tudo isso junto?
É... começava a fazer sentido. As mulheres não eram necessariamente bonitas. Mas elas tinham, todas, as lindas, as bonitas, as médias e as feias, uma grande aliada: a Indústria da Beleza a seu favor! Sim! Era isso. Até ai tudo bem. Nenhuma novidade. Num mundo atual onde temos rígidos padrões estéticos e eles influenciam de forma avassaladora na vida de todos nós, homens ou mulheres, não há absolutamente nada de errado ou anormal em mulheres com padrão financeiro (sim, por que é uma noite que no barato se gasta de R$80,00 a R$150,00) relativamente elevado se preocupem e invistam nisso.
Não há silhueta que não fique efetivamente melhorada num desses vestidinhos tomara que caia com bojo pra dar um up nos seios, tecido mais firme pra segurar as gordurinhas extras (que podem tb estar mais seguras ainda por essas moderníssimas cintas de barriga, culote, pernas, e até clitóris, pras mais avantajadas), ou as saias de cintura alta com aqueles cintos embaixo dos peitos que dechavam qualquer barriga mais desprovida de... abdominais.

Não há cabelo que não fiquei lindo, macio, sedoso como o da Gisele Büdchen na propaganda do Pantene. Ou lisérrimo como os da Luiza Brunet ou Cléo Pires, ou no ruim (ou bom,pq eu me amarro) de tudo, com cachos perfeitos, cachos colágeno como os de Tais Araújo by Elseve (de Loreal). Claro que sem as progressivas inteligentes, marroquinas, indianas, venusianas ou sei lá o que mais diabos metem no cabelo dessas meninas pra fazer um escovão, não teríamos o efeito “pode chover, pode molhar que meu cabelo continua no lugar”.

Cremes, óleos, massagens, tratamentos de pele, de dentes, unhas, tudo isso é basicão.

Entrando no mérito das intervenções cirúrgicas, nos dias de hoje, qualquer menina que sofreu bullying a adolescência inteira pode passar horas se deliciando com tocos seguidos no ex-príncipe do colégio chegando nela numa festa 15 anos depois do encerramento do ciclo secundário, sem obviamente ter a mínima idéia que aquela era a “nariz de papagaio” ou a “tábua de passar roupa”, a desengonçada da turma. Seios enormes, firmes, desafiadores podem ser fabricados de qualquer tamanho ou formato em até 24 vezes em juros no cartão. Barrigas tanquinho, lipoaspirações, lipoesculturas, lábios mais grossos, narizes mais finos, tudo se compra, tudo se fabrica.

Sem contar as horas de academia com os mais modernos aparelhos e formas de definir seu corpo com personal trainer a tira colo.

Ou seja, somando tudo isso, a feia ficou “ok arrumada na noite”. A “ok arrumada na noite” ficou gata (ou no ruim de tudo, gostosa pra cassete). E a gata ficou insuportável (taí a explicação das aspas pro “bonitas” lá de cima)! É um mundo de opções pra ver e serem vistas!
O sujeito chega num lugar desses e não sabe pra onde olhar. Não sabe onde focar! Eu achei que só acontecia comigo. Ok! Eu sou um “sem foco do caralho”. Sempre fui. Mas notei que no fim da noite, um monte de caras boas pintas, cara de bons partidos, e principalmente, cara de quem tem carro e mora sozinho no Jardim Botânico (que não é meu caso), estavam solteiros. Assim como 70% daquelas gatas (fabricadas ou não).

Parece que a verdadeira beleza (que é uma conjunção de várias coisas, como por exemplo, estar dentro dos padrões estéticos mundiais que é mensurável, até ter charme, que é subjetivo) está sendo cada vez mais submersa pela beleza comprada, por mais clichê que esta bosta desta frase possa parecer!  E por mais clichê que continue parecendo, quanto mais se preocupam em moldar seus corpos , esculpir seus rostos e alisar seus cabelos, mais relapsas ficam em relação a fazer com que o conteúdo acompanhe a forma. Se o Adnet não fez ainda, ele pode tranquilamente gravar uma paródia das Cariocas, com o material que temos hoje nas noitadas, começando pela “Fútil da Gávea”, passando pela “Sem Cultura da Barra” chegando até a “Queria ser Fútil como a da Gávea e consigo no máximo ser Sem Cultura como a da Barra... do Lins”.

Tenho pra mim (não vou afirmar/generalizar pois preciso de um estudo mais detalhado) que a Indústria da Beleza está saindo, de certa forma, como uma espécie de tiro pela culatra para o resultado final (que todos sabemos que é “arrumar um grande e verdadeiro amor”) e dificultando (ao invés de ajudar) o pontapé inicial do jogo, pelo menos para nós, homens heteros do sexo masculino, no advento da paixão.

Ao menos da paixão inicial, fugaz... daquele amor a primeira vista, frio na barriga que acontecia antigamente na praia, na boate, na rua, na chuva, na fazenda... por que se todas são bonitas, o que pode diferenciar numa primeira olhada? Num primeiro flerte? Por que vamos ser honestos: a primeira impressão vem invariavelmente da parte física. Claro, soma-se a isso carisma, charme, sensualidade, uma série de fatores que diferenciam uma mulher interessante de uma dessas modernas (e perfeitas) bonecas sexuais de látex ousei lá que materiais, vendidas no Japão. Mas uma aparência agradável, ainda é a isca primordial. A mulher inteligente, e que fatalmente será bem sucedida, é a que consegue equilibrar as duas coisas. E principalmente, ser autêntica.

Soma-se a isso também um falso excesso de auto-estima gerado pela soma da “enganosa” aparência à falsa idéia de que pra se valorizar e se impor tem que “meter uma marra, uma bronca”. “Não dá mole não! Nem olha pra eles... homem gosta de mulher difícil!” - diz a amiga gata de nascença para a ex-gordotinha que malhou o ultimo ano inteiro, fez dieta, tomou bolinha e esta se sentindo “confortabilíssima” apertada com a cinta, o vestido cintura-alta curtinho mostrando as pernocas com o músculo da coxa pulando em virtude de um salto 15.
Mentira! Homem não gosta de mulher difícil. O jogo da sedução existe. O interesse num peitão gostoso pulando num decotão existe. Mas na real, real, homem (e seres humanos de um modo geral) gosta de pessoas legais. Maneiras. Divertidas, agradáveis.
E pra isso, ainda não existe uma industria.

Ouvindo: Rádio Setentona na Cidade Web Rock (http://setentona.oi.com.br/)

domingo, 27 de março de 2011

O resgate do soldado Jorge

No longínquo ano de 1998 (ou seria 97?), fim da última década do milênio passado, recordo-me de ter lido uma matéria de capa no Segundo Caderno do Globo, sobre uma, então estreante, banda que faria seu primeiro show no (que Deus o tenha) finado Ballroom (casa de shows no Humaitá que só saberíamos a falta que faria depois de ela ter virado um prédio de apartamentos residenciais) num dia de semana, talvez quarta, ou terça, e que vinha sendo apontado como o fino da bossa. 
O grupo atendia pela alcunha de Farofa Carioca e era composto por um punhado de bons músicos da cena da Santa Teresa e (imaginem, na época totalmente marginal, esvaziada, perigosa e esquecida) Lapa.  Um grupo plural, multi racial, com integrantes de lugares e até países bem distintos. E essa pluralidade se refletia (positivamente) no som. Na época, as matérias sobre música em jornais e revistas, pelo menos pra mim, tinham um peso diferenciado. Os jornalistas corriam realmente atrás do que estava acontecendo. Não esperavam os (tendenciosos) releases dos assessores de imprensa (acho que isso nem existia nessa época) chegarem a suas mãos (hoje, de um modo geral, bem preguiçosas... ou super atarefadas como eles dizem). Sendo assim, fiquei realmente interessado em conhecer aquela farofada musical. Chamei Léozinho, e se não me engano, Gnomo, e fomos conferir de perto aquele début. E não foi em vão. Logo nos primeiros acordes de cavaco e violão, misturado com um groove pulsante de baixo e batera preciso. Percussão de samba, se misturando com afro, jongo, e outros ritmos e influencias. Letras muito bem sacadas sobre o cotidiano do Rio misturavam-se a melodias lindas e raps bem mandados. As melodias, de um modo geral, ficavam a cargo do rasta que tocava violão, chamado Gabriel Moura. E os raps eram muitíssimo bem mandados por uma figura interessantíssima. Um negro alto, magro, porém forte, com swing, teatralidade, e uma voz de trovão, que era chamado de Seu Jorge. Não parecia ter tanta idade assim para já ser considerado um “Seu”. Mas aquilo dava um certo charme ao figura.

A mistura não era nada nova: samba funk com pitadas de reggae, jongo, disco music, maracatu, ritmos regionais e internacionais se entrelaçando. A pólvora não estava sendo descoberta. E sim redescoberta. A propriedade com que aqueles rapazes faziam aquele som era algo digno de Jorge Ben, Black Rio, Bebeto... eles tinham propriedade pra fazer o que estavam fazendo. Não tanto pelo ineditismo, mas muito, muito pela competência e pelo vigor com que defendiam aquelas canções no palco, aquele show me chocou de forma pesada. Fiquei mal. Mal de cabeça com aquilo que via. E quis mais. Por cerca de dois anos, eu e meus amigos assistimos incontáveis shows do Farofa, da Lapa ao Malagueta, de Quinta do Bosque ao Humaitá. Fomos a todos os buracos aonde o Farofa ia e claro, o CD de estréia dos caras se tornou a trilha sonora da nossa pós-adolescência.

O Farofa fez parte de uma cena (que rejeitava o rótulo de cena) que tentou ser rotulada como MPC (música popular carioca), se bem me lembro, e que tinha outros aglutinados como Dread Lion, Acorda Bamba, Pedro Luis e a Parede, Idéia Rara... mas não rolou. Não houve uma unidade na proposta. Somado isso a falta de lugares médios para tocar, divulgação fraca de um CD considerado bairrista na época e às pesadas e incontáveis divergências (e brigas) internas, o Farofa acabou prematuramente, deixando uma série de órfãos na noite carioca.
Os integrantes foram tocar seus projetos, e Seu Jorge, sem dúvidas o que mais chamava atenção dentre todos aqueles talentosos músicos, seguiu com sua carreira solo. Lançou em 2001 seu primeiro disco intitulado Samba Esporte Fino, fez cinema no Brasil (uma esplêndida participação como Mané Galinha em Cidade de Deus) e começou uma carreira internacional muito bem sucedida, tanto como cantor, quanto como ator. Consolidou-se como artista pop internacional (diferente de artistas brasileiros que fazem trabalho regional para gringos verem). Rodou os maiores e principais palcos mundo afora. Mas, mesmo com tudo isso, eu, que acompanho discretamente a carreira de Seu Jorge, acabei me tornando um critico ferrenho da sua fase pós-Farofa. Saudosismo? Talvez. Mas o fato é que tanto em relação a composições quanto a arranjos, poucos foram os momentos nessa década de trabalho solo que me fizeram tirar, ao menos musicalmente, o chapéu para o Senhor Jorge.

Quando ouvi Mangueira e Chega no Swing, achei que ele tinha achado a sonoridade certa. Mas o restante do Samba Esporte Fino é tão irregular, que a minha esperança logo se transformou em frustração.

Com Cru, de 2004, a mesma coisa: abria com a excelente Tive Razão, mas depois se perdia em coisas como Mania de Peitão e outros bichos. Entre um hit óbvio como Carolina e outro como Burguesinha, assim seguia, pelo menos pra mim, a carreira de Sir Jorge. Tentativas de aproximação com o popular devem ter feito muito bem ao bolso do Jorge, mas nada foi mais terrivelmente chato que “Eu não sei paraaaaaaaaaaaaaaaaaaaar de te olhar” cantada por ele e Ana Carolina num insosso DVD conjunto dos dois. Uma nova (e pasmem, até artisticamente mais bem sucedida) tentativa com Alexandre Pires também foi feita. Mas nada realmente a altura do talento artístico de Seu Jorge. A impressão era que havia um canhão apontado para a mesmice mas não tinha pólvora pra detonar a bala.

Na noite do último sábado, 26 de março, fui surpreendido com um balaço de canhão no meio dos peitos. Estou, sinceramente, até agora atordoado (como fiquei depois do primeiro show do Farofa no Ballroom no milênio passado) com o que vi no palco do Circo Voador. Seu Jorge resgatou a criatividade e a ousadia sonora que o fez ser um dos mais relevantes artistas brasileiros da música pop na última década. O projeto se chama Almaz e é a prova de que, mesmo os melhores, só apresentam o seu melhor, se estão bem acompanhados e bem assessorados. E nesse quesito, Seu Jorge acertou em cheio: Lúcio Maia e Pupilo do Nação Zumbi (a maior banda do planeta) fora o baixista Antônio Pinto (eventualmente substituído pelo baixista do Nação, Dengue) formar uma das mais interessantes e ecriativas bandas da música mundial atualmente. No palco (lindíssimo, com um cenário simples mas muito funcional com nuvens de um material parecido com esponja, presas com fitas brancas), os quatro músicos mais um percussionista, fizeram um show inesquecível, relendo clássicos de samba, samba-funk, e musica pop internacional, de Martinho da Vila a Michael Jackson, como se fossem composições próprias, tamanha identidade que imprimiam as canções. Grooves secos de baixo e bateria ganhavam ambiências com a guitarra hipnótica de Lucia Maia (um dos três melhores guitarristas brasileiros da atualidade, sem a menor dúvida) e ora faziam dançar com swing multi regional que ia do samba do subúrbio carioca ao mangue de recife, ora faziam bater cabeça com o peso de músicos que não esquecem a escola do rock. Pra arrebatar de vez, Seu Jorge tinha total domínio da situação, da platéia, do seu corpo, do que fazia no palco. Um amadurecimento que só quem mergulha profundamente num trabalho de composição e lapidação de um personagem, consegue ter. Seu Jorge cantou, dançou, interpretou, mandou prender e mandou soltar em quase duas horas de show. Se você acha que nada mais poderia se esperar de uma nova releitura de “Mais que Nada”, você (e eu, claro) estava enganado. Os caras conseguiram essa e outras proezas ao longo de uma noite mágica. Até as músicas mais óbvias do repertório próprio do cantor, ganharam outra vida, outra cor, ganharam a vida que deveriam ter realmente. Lindo! Sublime!

Orgulhei-me por, por fazer parte daquela geração de artistas que estavam no palco. Orgulhei-me por ter acreditado que em algum momento eu veria o ressurgimento criativo de um grande artista, e agradeci aos deuses da música por estar, no Circo Voador, quintal da minha casa, vendo um show incrível em qualquer parte do mundo e em qualquer época da humanidade. Longa vida ao Almaz!

Ouvindo: Farofa e Almaz, claro.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Ok, ok! E dá-lhe confete!

=) Independente de etnia, raça, orientação política, ideológica ou sexual, religião ou time de futebol, todos nós sabemos que o sujeito vem a este planeta com a missão de evoluir. Nem que seja do ruim para o muito ruim.

E é mais ou menos imbuído desse espírito que a Rede TV! conseguiu a proeza de fazer um Bastidores do Carnaval muito melhor neste ano. Mesmo que isso signifique ser muito, mas muuuuuito mais tosco que em todos os anos passados.

Mais repórteres (???), mais celebridades-repórteres(???????), mais celebridades-toscas-repórteres (?????????????) e muitas, muitas gafes de todas as espécies. Agilidade entre estúdio e links ao vivo, efeitos visuais de última geração (mentira) sendo usados da forma de maior mau gosto possível (verdade) e uma cobertura ampla e irrestrita de tudo que rolou de pior nos bastidores do Carnaval do Rio e de São Paulo. Os caras atingiram o ápice do bom em matéria de ser ruim.

Além da galera que já ganha a vida correndo atrás das celebridades série B e C do campeonato no dia a dia do TV Fama, o Bastidores contou com reforços de peso de Mirella “Ex-Latino/Fazenda” Santos, Adriana “Ex-Dudu Nobre/Fazenda/Paquita Negra” Bombom , Jack “Ex-BBB/Legendários” Cury, Alexandre “Ex-Blue Jeans/TV Globo/Record/Brasileirinhas/E um sem número de mulheres, homens e transex” Frota e Charles Henrique, do Pânico, além de Iris Stefanelli, a ex-Siri, um dos maiores mistérios da humanidade em termos de baixo QI x Aceitação pela sociedade.

Com um timaço desses, não é de se espantar que os maiores impropérios tenham sido deferidos sem dó nem piedade. Um desfile de ex-participantes de realities shows, mulheres frutas, e gostosas que ainda vão ser mulheres frutas e/ou participantes de realities shows, mas ainda são apenas modelos/atrizes/apresentadoras (por que diabos essas meninas hoje têm, todas, um nome e um sobrenome artístico??? Ela ainda não é ninguém na mídia! Poderia apenas se apresentar como Carla, por exemplo. Mas não! Quando é perguntada pelo repórter ela vira Carla Shcnaider ou Carla Ferreira!!! Ou qualquer outra marca fantasia. Será pra facilitar a procura nos books??? Vai saber...) invadiram nossa TV (a minha que não tem TV a cabo, pelo menos) para falar de como mantêm a forma antes do carnaval, pra quem estão dando e/ou comendo, qual era a emoção de pisar no sambódromo, quais os projetos futuros e, claro, no final dar uma sambadinha pras câmeras. Nesse momento, aonde a pessoa entrevistada ia enfim justificar o porquê de estar ali entrava um efeito horrendo de slow motion no qual Carlinhos de Jesus e Xuxa ficavam todos num mesmo patamar de dança. Não dava pra entender se o entrevistado estava ali dançando a Macarena, pulando por que as formigas entraram nas suas partes intimas ou, efetivamente sambando.

Numa das cenas mais emblemáticas do “jornalismo de guerrilha rosa choque” praticado pelos repórteres da Rede TV!, uma das moças correu durante uns três minutos , esbaforida, tentando arrancar alguma declaração do “presidente” do Rio de Janeiro, Ronaldinho Gaúcho, entre um milhão de seguranças e outros repórteres e fotógrafos. Foi em vão. Ronaldinho não falou, não acenou, não sorriu (graças a Deus) e cagou literalmente pra repórter, que ao desistir da batalha (mas não da guerra), entre um suspiro e outro consegui limitar-se a dizer algo como”nós não conseguimos a entrevista mas mostramos pra você, imagens inéditas da chegada de Ronaldinho ao Sambódromo”!

Tá. Emocionei-me com isso.

Detalhe que, em todo momento, o PREFEITO DO RIO, EDUARDO PAES, encontrava-se ao lado de R10, mas foi completamente ignorado pela jornalista paulista, como se ele simplesmente não existisse, ou simplesmente não fosse o PREFEITO DA CIDADE DO RIO DE JANEIRO. E olha que ele gosta de dar uma entrevistinha... tava olhando com uma carinha de triste por que ninguém falava com ele.

E tome confete digital na tela!!! Esse recurso tenebroso foi tão utilizado ao longo de todo o período de folia, que em alguns momentos eu cheguei a pensar que estava nevando no Rio. Mas quando via as serpentinas, igualmente virtuais, lembrava que era apenas mais um dos itens indispensáveis nas transmissões carnavalescas da emissora.

Essa mesma repórter, algumas inserções depois, voltou numa situação muito parecida, só que dessa vez com Gisele Bündchen. Desta vez, nossa nobre “guerreira da terra dos confetes” foi mais bem sucedida e conseguiu perguntar algo como “Gisele, qual a emoção de pisar na avenida”???
A modelo deu alguma resposta padrão como “é muito bom! Super emocionante”, e a repórter saiu feliz ,contente e com seu dever cumprido! Emocionada a moça desabafou: Pra isso nós trabalhamos aqui. Pra levar a informação até você! Essa foi Gisele Bündchen, exclusiva para o Bastidores do Carnaval!

É muito orgulho. E muita informação.


=) Em tempo: não existe nada mais escroto (não achei outra palavra mais emblemática) e mal feito que o jingle de verão do Guaraná Antártica. Toda vez que passa a propaganda (ok... o fato da campanha ser estrelada pela Claudia Leva Leitte tem sim influência negativa) eu me debato e tenho ataque epiléptico pensando que já tivemos excelentes jingles com a mesma métrica, melodia e harmonia, mas com uma letra bacana e inteligente (e respeitando a métrica proposta) como aquela antiga da pipoca. Só pelo fato de Guaraná Antártica ter virado Guaranântartica, já tá errado. "Só quero só guaranântartica" fechando a tampa... é demais.
Tirem suas próprias conclusões e me reprimam se esse não é o pior jingle da história em muitos anos!
http://www.youtube.com/watch?v=XGeSivCnRc0

Bip bip.

ps.: Na próxima, destrincho efetivamente como foi meu carnaval aqui em Iguabinha...digo, Rio de Janeiro.

Ouvindo: The Grateful Dead – American Beauty

quarta-feira, 2 de março de 2011

Eu te amo F.C. ou um bloquinho vale mais que mil oloduns

=) “Eu te amo” é ouro! É um tesourinho que deve ser guardado a sete chaves e exposto só no momento certo. É um conforto, um alento para alma e coração. Muitas vezes um pára-quedas, um air bag em situações de extremo risco. “Eu te amo”, como diz essa meninada de hoje no feeeeeice, é vida!

“Eu te amo” é o auge. O topo. O ápice. O cume da paixão! A paixão que neste momento se torna amor. “Eu te amo” é o rito de passagem. E nunca vem só. Vem sempre acompanhado por planos maiores. Esqueça a viagem a Saquarema, o fim de semana em Friburgo ou comprar uma bike que poderá ser usada por ambos no verão. Por que o “eu te amo” certo, no momento certo, com a correta aplicação, vem com um subtexto de “você é a mulher da minha vida” ou “esse é o pai dos meus filhos”, “vamos passar as férias em Nova York, juntos” ou ainda “vamos ser felizes para sempre, casar, ter filhos, um lindo lar e uma casa de campo”. Por que o “eu te amo” de verdade é pra quem quer isso tudo. É pra sempre.... enquanto dure. Mas esse “enquanto dure”, na cabeça e no coração de quem diz o “eu te amo” corretamente aplicado, é pra sempre. Então que seja pra sempre. Enquanto dure.

Pro isso, começo aqui e agora, e hoje e pra sempre, um movimento em prol da valorização do “eu te amo”. Não que eu queira regular o “eu te amo”. Pelo contrário! Que seja cada vez mais difundido e divulgado. Mas que seja de verdade. Mais que a valorização! Minha campanha é pela não banalização. “Valorize já! Valorize já! Um “eu te amo” tão importante não pode se banalizar”! Já temos até jingle.
Por que verdade seja dita: existe sim o “eu te amo” leviano. É o que mais vemos. E não é só nas novelas não!
Ai você vai dizer: mas e se a pessoa achar que ama e depois descobri que não ama?
E eu vou dizer que isso não existe. Se você ama, mesmo que seja transitório, você ama. Geralmente esse amor é sereno (ainda que intenso), equilibrado (ainda que com tesão) e acima de tudo, altruísta. E você, no fundo, no íntimo, sabe se é amor é de verdade ou se é apenas paixão. Se é loucura. Se é loucura, então melhor não ter razão? Delícia. Mas pode se f*%%4#er (tentarei nesse texto não usar palavrões). Por que não conheço ninguém que não saia com uma ressaquinha moral, de leve ou porrada, depois de uma dessas paixões loucas, caóticas e intensas que são “confundidas” com amor, e que, geralmente, terminam em merda! Ih! Merda não é mais palavrão, né?

O “eu te amo” leviano mancha a classe. Depões contra a categoria. Se existisse um “Sindicato dos Eu te Amo”, os caras iriam fazer passeata, greve e o cassete contra o mau emprego desse “eu te amo” leviano. Ele pode ferrar um sujeito. Pode desencadear coisas terríveis, ações, atitudes. E na boa, na boa mesmo? Todo mundo sabe quando está sendo leviano com o coração do outro. Mas agimos por impulso, com egoísmo, pensando em nossos prazeres e motivações pessoais antes de pensarmos no coletivo. Isso é, exatamente, o contrario do amor.
E essa ação vai ter conseqüências devastadoras. Em algum momento, vai . Ação e reação. Física. Espiritismo. Ou sabedoria popular. Mas é o obvio.

Não há regras, nem bula. Há bom senso e honestidade. Só isso. Use bem o “eu te amo”. Guarde no melhor lugar, no mais limpo, belo e resistente recipiente, para ele estar lindo, leve, asseado e intacto na hora certa de usá-lo. Ele é um divisor de águas. A partir do primeiro, verdadeiro, sincero, honesto e bem colocado “eu te amo”, muita coisa, mesmo que você não perceba, muda num relacionamento. E se bem empregado, tem sim que ser uma mudança pra melhor.

=) E os bloquinhos, em definitivo, se tornaram blocões. Mas a meninada continua usando o termo “bloquinho”. É impressionante como o carioca gosta dessa coisa “informal”. Se chamar para o “Bloco tal”, parece uma coisa meio chata, meio careta. Meio banda da PM. Se chamar pro “bloquinho” (nem precisa dizer o nome, local, nem hora do dito cujo), a coisa já muda de figura. Já fica malemolente, swingada, carioquíssima. Mas o fato é que o carnaval do Rio inflou. A parte teoricamente mais fácil foi feita. O povo carioca (e isso nunca teve NADA a ver com poder público e/ou ANTÁRTICA), os foliões é que estão há oito, dez anos, tocando, produzindo, fazendo oficinas, montando seus blocos revitalizaram na marra, no peito e no amor o carnaval do Rio.

Posso afirmar categoricamente que é assim por que já estou aqui há uns dez anos e acompanhei, primeiro como folião e depois como profissional, a evolução desse processo. Das oficinas do Monobloco, se juntaram ao Simpatia e ao Suvaco, blocos como Empolga às 9, Quizomba, Banga, Mulheres de Chico, Turbilhão, A Rocha, Spanta, etc,, etc, etc... somando ao Bola Preta, ao Cacique e a outros blocos da Zona Norte e subúrbio e fazendo uma verdadeira revolução espontânea e popular no carnaval do Rio. Enquanto um bloco pequeno/médio arrastava em média 1000, 2000 foliões, e um grande não passava de 10 mil, tava tudo bem. Lembro do primeiro ano a frente do carnaval do Empolga. Kombi com som acoplado, todo mundo no chão, Visconde de Caravelas no ponto certo em termos de lotação. E lembro do anopassado 9minha última participação) com quase 30mil pessoas espremidas na mesma rua. O bom senso atuou em todos esses blocos que foram se profissionalizando e melhorando desde o som, segurança, estrutura, (com entrada de patrocínios) até a pratica do desapego, mudando seus tradicionais percursos em prol de uma melhor acomodação e conforto do publico. Mas, infelizmente, o poder publico ainda não enxergou o potencial absurdo que tem o carnaval de rua do Rio. Em termos econômicos e principalmente, culturais. Só agora, dez anos depois, esta começando, lentamente, a acordar. E ainda muito no âmbito comercial, ganhando, mas dando uma contrapartida ridícula. A contrapartida ainda é RIDICULA. Meia dúzia de banheiros, chapeuzinhos de brindes e algum policiamento na rua??? Isso é uma piada! Meus amigos, esse ano O MUNDO estará no carnaval de rua do Rio.
E ai vem a parte mais difícil: cobrar do povo um bom senso, educação, cidadania. Tudo que ngm tem o ano todo. Ai neguinho faz campanha pro sujeito ter isso NO CARAVAL! Ta de sacanagem, né????????

O bom senso e cidadania já foi gasto lá atrás. Já foi usado por quem estava aqui revitalizando esse carnaval. Enquanto muitos estavam em Salvador, Parracho, Arraial d´Ajuda, Rosas, Jurerê ou no quinto dos infernos. Agora, malandro, não espere dessa meninada que não tem respeito em casa, no colégio, na faculdade e nas boates, esse bom senso e cidadania. Agora é hora do poder publico agir de verdade. Se quiserem que o carnaval cresça e ainda encha o cú deles de dinheiro pelos próximos 10, 15 anos, a hora de investir pesado em estrutura, segurança, transporte, etc é agora. E ai sim, paralelo, fazer campanhas e tentar (ao menos tentar) conscientizar essa rapaziada de que não somos bichos, por mais que no carnaval nos fantasiemos de. Copa e olimpíadas, talvez daqui a 30, 40 anos, tenha de novo por aqui. Carnaval tem todo ano.

Bom carnaval e juízo (como diria Kiko Cupello) para todos. Me encontrem na quarta de cinzas...ou não.



Ouvindo: R.E.M. – Best Of

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

572

=) Um misto de tristeza e nostalgia invadiu meu peito na manhã desta quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011. Pela primeira vez, subi na condução de número 162 (Lapa-Leblon Circular), o antigo 572.


O trajeto, pelo que entendi, continua o mesmo. A cor, aos poucos (assim como de todos os ônibus do Rio) me parece que será alterada para cinza. De diferente, acredito que seja só o ponto final (imagino que agora na Lapa... ou não???).

O que levou a essa mudança, se será benéfica ou não, todas as questões sócio-culturais, técnicas e de logística, nada disso importa nesse momento.

Eu estou no planeta há exatos 32 anos e vi muita coisa acontecer. Muitas mudanças sociais, comportamentais, tecnológicas. Sou da época em que bandas de rock eram de rock (e não de sertanejo) e que falar ao tijolão no ônibus ou metrô, era um acinte! Imagina? O cara não tem um carro, mas tem um celular??? Ora, vejam só...

Sou filho de um sujeito que nasceu em 1919 e morreu em 1998, aos 78 anos, e até meus 18 anos, ouvi muitas, muitas histórias do meu bom e velho pai sobre como caminhou a humanidade.

Mas confesso que poucas vezes na vida, me deu um aperto, uma sentimento indefinido e indefinível, quanto há poucas horas, quando entrei no tal do 162.

O 572 era o nosso maior divertimento. Era um passeio, não uma condução. Era um prazer, não uma necessidade. Quando pequeno, era o ônibus que nos levava a praia, eu e minha turma. Primeiro no Leme, onde jogávamos bola (e posteriormente um futebol americano bem safado), depois no Arpoador (na época do “Jacaré” e do body board). Já na adolescência (ate pq o metrô mais próximo era em Botafogo!!! Nem se sonhava em estação General Osório) nosso destino era o Posto 9, Ipanema. Parar sábado de manhã, num dia ensolarado, na frente do Ciep do Catete, e ver o 572 fazendo a curva em frente à delegacia nona DP, era uma sensação indescritível. Foi num 572 que eu dei meu primeiro calote, na época em que a entrada era por trás e você podia ficar sentado durante a viagem, sem ter a obrigação de passar imediatamente. Quase cai de cara no chão. Mas ou era a passagem, ou a raspadinha de groselha no Arpex. Pros dois, não dava. E raspadinha era boa pra casseta.

Na volta (por que ele é circular, ou seja, vai até o Leblon e depois volta pro Catete), sentávamos no ultimo banco, pra quando o ônibus descesse no viaduto que sai da Av. Pasteur, a gente dar aquele pulão e bater de cabeça no teto! Como criança é um bicho bobo... parecia uma montanha russa!

Já nas tardes de sábado, na década de 90, o 572 era o nosso “esquenta” pras matinês. Pegávamos o ônibus por volta das 16h. Ele passava perto da casa de todos, até chegar às boates do Leblon.  Scala,Wels Fargo... a gente ia na janela e colocava o braço do lado de fora pro outro (que já esperava no ponto) entrar.  Nem se sonhava em celular pra dar uma ligadinha quando estivesse chegando. E íamos cantando e batucando (com certa educação, sem os exageros que vemos a molecada cometer hoje em dia) algumas músicas que tocariam na boate.

O 572 também foi nosso fiel companheiro nas primeiras nights, com 16, 17 anos, ainda sem ninguém motorizado. O fato de ele rodar por toda a noite, era um segurança de que tínhamos como ir e como voltar das boates onde já entravamos com a carteirinha (muito mal) falsificada. Depois de meia noite, passava de uma em uma hora, mais ou menos. Mas como a gente já tinha a manha, saímos próximo ao horário de passagem do nosso “corcel amarelo, azul e vermelho”.
O 572, era nosso passaporte pra alegria. Era a minha ligação do Catete (e posteriormente, Glória, onde fui morar com 11 anos) para a Zona Sul propriamente dita. Para os agitos, as belezas, a carioquice das novelas de Manoel Carlos.

No 572 conheci pessoas. Paquerei. E até fui bem sucedido em algumas dessas paqueras!
Num trajeto do 572 entre Catete e Leblon, você vê mais gente bonita entrando e saindo do que em muitas boates de muitas cidades ao longo do pais. Você podia encontrar o amor da sua vida num 572!

No 572, o Rio é mais Rio. Digo, era. Por que pra mim, a partir de hoje, ele ficou apenas nas melhores lembranças. E enquanto escrevo, lembro e me emociono, sinto a brisa da praia e os agitos de uma época lúdica, que, certamente, não voltara.
=) Keilinha, minha irmã querida que nos deixou há exatos 4 anos num dia 24 de fevereiro, certamente ficaria chocada com a ausência do nosso bom e velho 572 pelas ruas do Rio. Saudades, minha irmã.

=)  Xabizices a parte,  também me assustou num grau a cara de idiota com que aquela moça Adriana, eliminada da última terça 22/02, olhava para tudo e todos na sua saída da Casa do BBB. Adriana refletia exatamente o deslumbre e a alienação que alguns minutos de (perigosa) fama podem causar. A gostosa (como milhares de outras que vemos todos os dias em cada academia) ficou alguns dias dentro do programa e saiu como se a vida dela a partir de agora fosse ser completamente diferente. E muito melhor. Deixou o namorado (corno em rede nacional, que na entrada da moça era o motivo de ser tão casta e correta) de lado sem pestanejar e agora espera pelo “amor” de Rodrigão, o galã máxima da atual edição (motivo pelo qual o cornudo foi posto pra escanteio), do lado de fora do confinamento.

 Ora, se a vida mudar é posar pro Paparazzo, ganhar o dinheiro de um apêzinho mostrando as “partes” na Playboy (essa parte é um pouco complicada, pq geralmente elas acham que são artistas e querem negociar um cachê – e poses menos ginecológicas – pertinentes a tal, e não a celebridades série B e C, e nessas, muitas se fodem, pq passa o momento e depois lhes resta, no máximo, uma Sexy), fazer uma capa da Boa Forma, do Plástica e Forma e do Noivas e Forma (edição especial de como trocar de noivo às vésperas do casamento), participar de alguns camarotes de festas e alguns desfiles de lingeries e depois de 8 meses ninguém (além da produção do Superpop) saber se você é um ex-BBB ou apenas a gostosa que malha na sua academia em Jacarépaguá, então esse povo realmente pensa muito, muito, muuuuuuuito pequeno!

Fora isso, seguem tentando fazer do Mau Mau o hibrido turbinado de Rafinha + Max. Sei não... não conheço o rapaz e nem tenho acompanhado essa edição pra dizer sim ou não. Mas me soa tão forçado quanto sortear carro pra quem vota por SMS. Só por SMS!
Acho que não teremos a edição número doze, não...


Ouvindo: o barulho do motor de 572.