quarta-feira, 2 de março de 2011

Eu te amo F.C. ou um bloquinho vale mais que mil oloduns

=) “Eu te amo” é ouro! É um tesourinho que deve ser guardado a sete chaves e exposto só no momento certo. É um conforto, um alento para alma e coração. Muitas vezes um pára-quedas, um air bag em situações de extremo risco. “Eu te amo”, como diz essa meninada de hoje no feeeeeice, é vida!

“Eu te amo” é o auge. O topo. O ápice. O cume da paixão! A paixão que neste momento se torna amor. “Eu te amo” é o rito de passagem. E nunca vem só. Vem sempre acompanhado por planos maiores. Esqueça a viagem a Saquarema, o fim de semana em Friburgo ou comprar uma bike que poderá ser usada por ambos no verão. Por que o “eu te amo” certo, no momento certo, com a correta aplicação, vem com um subtexto de “você é a mulher da minha vida” ou “esse é o pai dos meus filhos”, “vamos passar as férias em Nova York, juntos” ou ainda “vamos ser felizes para sempre, casar, ter filhos, um lindo lar e uma casa de campo”. Por que o “eu te amo” de verdade é pra quem quer isso tudo. É pra sempre.... enquanto dure. Mas esse “enquanto dure”, na cabeça e no coração de quem diz o “eu te amo” corretamente aplicado, é pra sempre. Então que seja pra sempre. Enquanto dure.

Pro isso, começo aqui e agora, e hoje e pra sempre, um movimento em prol da valorização do “eu te amo”. Não que eu queira regular o “eu te amo”. Pelo contrário! Que seja cada vez mais difundido e divulgado. Mas que seja de verdade. Mais que a valorização! Minha campanha é pela não banalização. “Valorize já! Valorize já! Um “eu te amo” tão importante não pode se banalizar”! Já temos até jingle.
Por que verdade seja dita: existe sim o “eu te amo” leviano. É o que mais vemos. E não é só nas novelas não!
Ai você vai dizer: mas e se a pessoa achar que ama e depois descobri que não ama?
E eu vou dizer que isso não existe. Se você ama, mesmo que seja transitório, você ama. Geralmente esse amor é sereno (ainda que intenso), equilibrado (ainda que com tesão) e acima de tudo, altruísta. E você, no fundo, no íntimo, sabe se é amor é de verdade ou se é apenas paixão. Se é loucura. Se é loucura, então melhor não ter razão? Delícia. Mas pode se f*%%4#er (tentarei nesse texto não usar palavrões). Por que não conheço ninguém que não saia com uma ressaquinha moral, de leve ou porrada, depois de uma dessas paixões loucas, caóticas e intensas que são “confundidas” com amor, e que, geralmente, terminam em merda! Ih! Merda não é mais palavrão, né?

O “eu te amo” leviano mancha a classe. Depões contra a categoria. Se existisse um “Sindicato dos Eu te Amo”, os caras iriam fazer passeata, greve e o cassete contra o mau emprego desse “eu te amo” leviano. Ele pode ferrar um sujeito. Pode desencadear coisas terríveis, ações, atitudes. E na boa, na boa mesmo? Todo mundo sabe quando está sendo leviano com o coração do outro. Mas agimos por impulso, com egoísmo, pensando em nossos prazeres e motivações pessoais antes de pensarmos no coletivo. Isso é, exatamente, o contrario do amor.
E essa ação vai ter conseqüências devastadoras. Em algum momento, vai . Ação e reação. Física. Espiritismo. Ou sabedoria popular. Mas é o obvio.

Não há regras, nem bula. Há bom senso e honestidade. Só isso. Use bem o “eu te amo”. Guarde no melhor lugar, no mais limpo, belo e resistente recipiente, para ele estar lindo, leve, asseado e intacto na hora certa de usá-lo. Ele é um divisor de águas. A partir do primeiro, verdadeiro, sincero, honesto e bem colocado “eu te amo”, muita coisa, mesmo que você não perceba, muda num relacionamento. E se bem empregado, tem sim que ser uma mudança pra melhor.

=) E os bloquinhos, em definitivo, se tornaram blocões. Mas a meninada continua usando o termo “bloquinho”. É impressionante como o carioca gosta dessa coisa “informal”. Se chamar para o “Bloco tal”, parece uma coisa meio chata, meio careta. Meio banda da PM. Se chamar pro “bloquinho” (nem precisa dizer o nome, local, nem hora do dito cujo), a coisa já muda de figura. Já fica malemolente, swingada, carioquíssima. Mas o fato é que o carnaval do Rio inflou. A parte teoricamente mais fácil foi feita. O povo carioca (e isso nunca teve NADA a ver com poder público e/ou ANTÁRTICA), os foliões é que estão há oito, dez anos, tocando, produzindo, fazendo oficinas, montando seus blocos revitalizaram na marra, no peito e no amor o carnaval do Rio.

Posso afirmar categoricamente que é assim por que já estou aqui há uns dez anos e acompanhei, primeiro como folião e depois como profissional, a evolução desse processo. Das oficinas do Monobloco, se juntaram ao Simpatia e ao Suvaco, blocos como Empolga às 9, Quizomba, Banga, Mulheres de Chico, Turbilhão, A Rocha, Spanta, etc,, etc, etc... somando ao Bola Preta, ao Cacique e a outros blocos da Zona Norte e subúrbio e fazendo uma verdadeira revolução espontânea e popular no carnaval do Rio. Enquanto um bloco pequeno/médio arrastava em média 1000, 2000 foliões, e um grande não passava de 10 mil, tava tudo bem. Lembro do primeiro ano a frente do carnaval do Empolga. Kombi com som acoplado, todo mundo no chão, Visconde de Caravelas no ponto certo em termos de lotação. E lembro do anopassado 9minha última participação) com quase 30mil pessoas espremidas na mesma rua. O bom senso atuou em todos esses blocos que foram se profissionalizando e melhorando desde o som, segurança, estrutura, (com entrada de patrocínios) até a pratica do desapego, mudando seus tradicionais percursos em prol de uma melhor acomodação e conforto do publico. Mas, infelizmente, o poder publico ainda não enxergou o potencial absurdo que tem o carnaval de rua do Rio. Em termos econômicos e principalmente, culturais. Só agora, dez anos depois, esta começando, lentamente, a acordar. E ainda muito no âmbito comercial, ganhando, mas dando uma contrapartida ridícula. A contrapartida ainda é RIDICULA. Meia dúzia de banheiros, chapeuzinhos de brindes e algum policiamento na rua??? Isso é uma piada! Meus amigos, esse ano O MUNDO estará no carnaval de rua do Rio.
E ai vem a parte mais difícil: cobrar do povo um bom senso, educação, cidadania. Tudo que ngm tem o ano todo. Ai neguinho faz campanha pro sujeito ter isso NO CARAVAL! Ta de sacanagem, né????????

O bom senso e cidadania já foi gasto lá atrás. Já foi usado por quem estava aqui revitalizando esse carnaval. Enquanto muitos estavam em Salvador, Parracho, Arraial d´Ajuda, Rosas, Jurerê ou no quinto dos infernos. Agora, malandro, não espere dessa meninada que não tem respeito em casa, no colégio, na faculdade e nas boates, esse bom senso e cidadania. Agora é hora do poder publico agir de verdade. Se quiserem que o carnaval cresça e ainda encha o cú deles de dinheiro pelos próximos 10, 15 anos, a hora de investir pesado em estrutura, segurança, transporte, etc é agora. E ai sim, paralelo, fazer campanhas e tentar (ao menos tentar) conscientizar essa rapaziada de que não somos bichos, por mais que no carnaval nos fantasiemos de. Copa e olimpíadas, talvez daqui a 30, 40 anos, tenha de novo por aqui. Carnaval tem todo ano.

Bom carnaval e juízo (como diria Kiko Cupello) para todos. Me encontrem na quarta de cinzas...ou não.



Ouvindo: R.E.M. – Best Of

6 comentários:

  1. quanta pertinência ao falar do carnaval!
    aliás, eu poderia listar algumas pertinências e outras boas coincidências.

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  2. Não sei bem se é culpa do tempo. Da idade. Ou do milênio. Se a culpa é nossa. Ou se de culpa não temos e não vemos e não sentimos e não praticamos em nada. Eu te amo no começo é festa. La na infância tem gosto de coxinha de frango com chocomilk no centro da cidade. Na adolescência tem cheiro de camisinha de morango e esperança de eternidade. Na fase adulta ainda é um mistério. Mas não existe medo se só descobrirmos na velhice. Paris. Londres. Rio de Janeiro. Morretes. Oapoqui. Em todos os lugares e em nenhum lugar. Não importa onde. É de dentro da gente que vem. Pode ser divino. Pode ser magmático. Eu te amo é mais uma sensação do que uma prática. É bom sentir. Mas tampouco fácil de aplicar. E onde mora a regra? Não há. Eu te amo se diz. Mas eu te amo não se diz. É mais fácil olhar pro céu e tentar achar o fim dele. Se você achar é lá que mora o fim do amor de quem ama. E não há eu te amo que baste. Basta. E com tantas pessoas nesse mundo grande de Meu Deus, como ter certeza, absoluta certeza do alvo do nosso, apenas nosso, exclusivo nosso e pra sempre nosso eu te amo?

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  3. oi anna!!!! liiiiiste!
    =)
    pasquali, isso já é um novo (e excelente) post....rs

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  4. Um eu te amo pensado pelo primeiro que fala sabe que vai mudar...quem o recebe talvez com medo ou querendo escutar, sabe que já mudou.Fui pega de surpresa duas vezes,ambos honestos e bem colocados.Carregados da cena do comercial de margarina no café matinal-"somos uma família feliz"....mas ela não aconteceu(a família),ele sim(o amor).Ainda me arrepio quando escuto Roberto cantar "Eu sei já sofri mas não deixo de amar..Se chorei ou se sorri,o importante é que emoções eu vivi...".Já tinha entrado no seu movimento sem saber...pela leveza e honestidade de sentimentos,de eu te amos realmente amados.Ainda que sejam carregados pela incerteza de tantos em um mundo tão vasto...
    Mas quanto ao carnaval,que venham mais banheiros químicos(quem contabilizou o numero de banheiros por blocos era homem e não bebia???) e muito mais estrutura.Sucesso aos novos blocos como Sargento Pimenta(gostosíssimo de escutar e impossível de curtir-perrengue...)e prosperidade aos que me arrepiam em todo carnaval como o Quizomba(que adorava qdo era mais tarde e ao voltar da glória me fazia chorar de emoção pela energia e alegria.No mais...partiu bloquinho ano que vem?
    ;))

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  5. Adorei suas considerações e durante muito tempo me indignei com o uso leviano do "eu te amo".Hoje exergo a questão com mais parcimônia e percebo que os amantes fazem uso da expressão por simples desespero.O medo da entrega é muito grande , então dizer a frase serve para eles como um catalisador,como se tudo fosse se esclarecer como um passe de mágica para fazer a ansiedade baixar e ter a certeza de que o outro não sairá correndo.Acho que vale como tentativa, como um flerte com algo que se der certo se revela sagrado e nos transforma.O amor é o fim do caminho,antes vem paixão e eros a todo vapor , depois as coisas se acalmam e a entrega vem.Aí, meu amigo, ferrou, não existe mais eu e nem você , é só união, ego zero, pura realização e certeza de que a hora é aquela, a pessoa é aquela. Nessa a hora as três palavras são muito pouco para revelar o mais nobre dos sentimentos.O olhar, um sorriso, um dedilhar suave nas costas valem mais que mil palavras. Eu te amo é fichinha.Amor é musica, a mais bela que seu coração pode tocar e cada um tem a sua, com todos os direitos reservados. ;)

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