segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Apenas um desabafo de torcedor

Este é um texto não de critico, não de jornalista esportivo, mas um texto de torcedor. Apenas um torcedor.

Segunda-feira cinzenta no Rio de Janeiro.

Uma segunda-feira onde a cidade deveria ter acordado colorida. Coberta de verde, branco e grená.
O panorama cor de chumbo começou a ser delineada já no sábado, na sempre cinzenta cidade de São Paulo, com a marcação, no mínimo duvidosa (pra não dizer completamente absurda) da penalidade máxima sob o Fenômeno, aos 43 minutos do segundo tempo de um jogo equilibradíssimo onde ficou claro que independente dos méritos intra campo, será bem difícil tirar esse título do Corinthians. Choro de perdedor à parte, não falo só em nome da torcida tricolor, mas do pessoal da raposa, e de todos que querem ver um campeonato idôneo e acima de qualquer suspeita: em nenhuma outra situação, a não ser na intrigante passagem ocorrida na ultima rodada no estádio do Pacaembu, aquele encontrão entre dois jogadores na área seria encarado como pênalti. Fosse o ataque do Flamengo, do Prudente, do Internacional, do Fluminense ou até mesmo do Cruzeiro, passaria totalmente em branco. Mas o Corinthians, que trouxe Ronaldo e Roberto Carlos e cedeu o Mano pra CBF, deveria e foi contemplado com um pênalti que, até agora (e provavelmente até o final) lhe dá o titulo de campeão brasileiro de 2010.

Tristeza e vergonha para os amantes do futebol.

Mas, na minha humilde opinião, tão vergonhoso e triste quanto o episódio do 13 de novembro, foi a atuação digna de rebaixamento do scratch tricolor no dia posterior, diante do (provavelmente) rebaixado Goiás.
Pênalti irregular à parte (incluindo também dois pênaltis claros não marcados a favor do Fluminense contra o Goiás, uma mão e um em Conca), manobras escusas à parte, mala branca à parte, qualquer coisa que justifique extra-campo à parte, o Fluminense, até as 17h do dia 14 de novembro de 2010, só dependeria de si para sagra-se campeão, legitimo e justo.

Mas um time que entra em campo como se estivesse fazendo um coletivo, mesmo sob o aplauso de 36.000 torcedores apaixonados, já me deixa com a pulga atrás da orelha se deve realmente ser o primeiro colocado de um dos maiores campeonato do mundo.

Fernando Bob e Valencia não se encontraram até agora (mais de 30 rodadas após o inicio do campeonato) no meio de campo. Por que diabos, num jogo tão decisivo eles iriam se encontrar? Se sintonizar??? Por que diabos não entrar com Diguinho (quem diria???) que provou ter se encontrado (e provou fazer muita falta quando ficou mais de um mês contundido) e ter dado uma outra consistência a defesa do pó-de-arroz? Pra poder agradar ao patrocinador escalando um Deco que até agora não mostrou ao que veio? Confio plenamente no Muricy e em seu trabalho. E prefiro acreditar que ele errou. Que foi um erro. Normal, de ser humano, a imaginar que temos também nos bastidores tricolores, armações tão escusas quanto as que fazem do Corinthians, neste momento, o campeão brasileiro. Vamos por esse caminho: Muricy errou. Errou ao escalar esses dois péssimos carregadores de piano que em alguns momentos (principalmente o Bob) imaginam que podem ser meio campo de criação. Quem diabos convidou??? Quem diabos disse a Fernando Bob que ele tem algum talento pra armar jogada, fazer lançamento ou dar um passe certo? Pra chutar em gol, então...

Deco, muito marcado, nada fez além de prender bola e sofrer falta. Saiu no intervalo pra entrada de... Diguinho!!! Ah... agora com três jogadores de defesa no meio campo, podemos liberar o Conca pra criar... até por que, o perigosíssimo time do Goiás necessita de três jogadores de defesa no meio campo pra ser parado. Faça-me o favor!
Pra piorar, ter Washington como companheiro de ataque de Fred (que apesar de tudo, voltou bem. Sem ritmo, mas dando alguma esperança de qualidade ao ataque) na segunda etapa inteira, tirando Tartá (que não jogava bem, mas pelo menos forma uma dupla menos parada com Fred) e obrigando o time a fazer o (nojeeeeeeeeeeeento, tchan) manjado (e sem nenhum sucesso) “chuveirinho” na área do verdão do cerrado, foi mais um erro do comandante Muricy nesse jogo que mais parecia o “jogo dos sete erros”:

- Fernando Bob + Valencia;
- Deco sem ritmo;
- André Luis (péssimo);
- Diguinho no banco de reservas;
- Diguinho no lugar de Deco;
- Washington no lugar de Tartá;
- Carlinhos (pelo conjunto da obra).

Deixo Carlinhos por ultimo por que esse é um caso à parte.

André Luiz, por exemplo, é ruim. Não ajudou. Jogou mal. Mas pelo menos não atrapalhou. Tanto.
Carlinhos não entrou em campo. Lento, disperso, nem parecia que estava disputando o jogo de sua vida. Um jogador profissional não pode não entrar num jogo desses se não for pra ganhar, pra detonar. Pra fazer história. O gol do Goiás nasceu de um erro grotesco de Carlinhos. Ele esteve mal no apoio e mal na defesa. Péssimos cruzamentos, erros de passe primários, marcação falha. Carlinhos estava irreconhecível. Não sei por que diabos Muricy não o substituiu. Nem que fosse pelo Julio Cesar.

Se este título foi perdido este fim de semana, ele foi perdido pelo Flu, e não ganho pelo Corinthians. Volto a dizer: um time que quer ser campeão, não pode jogar contra o vice-lanterna do campeonato (isso já havia acontecido contra o Atlético –GO) como jogou o tricolor carioca na tarde chuvosa de ontem. O Fluminense não poderia com a tabela que tinha, talvez a mais “fácil” dos três que disputam o titulo diretamente, terminar essa rodada dependendo de qualquer um que não fosse de si próprio.

Como parâmetro e combustível de esperança, temos a historia recente do Hexa do Mengão, e seu empate (quase) catastrófico contra o mesmo Goiás, em casa (na época, o Maraca) há duas rodadas do fim do campeonato de 2009. Tudo conspirou e esse empate que deveria ter valido o titulo do rubro-negro foi só mais um ingrediente de tensão e emoção no fim do campeonato.

Confio em Muricy e, apesar da pífia apresentação de ontem, e nos guerreiros das Laranjeiras.

Confio no Vitória da Bahia de Todos os Santos e na sua necessidade de vencer (ate por que o Bahia já subiu). Confio no Vasco de Dinamite (e não mais de Eurico) e até no Goiás de ontem que, imagino, pode ser, dependendo da combinação, também uma pedra no sapato do Coringão (dessa vez com uma mala branca da Unimed? Será??? Quem com ferro fere? Ladrão que rouba ladrão? Espero que não...). Confio em Nelson Rodrigues e em João de Deus.

E como disse lá em cima, isso é um texto de torcedor. E como torcedor, desdenho solenemente do parecer técnico dos “comentaristas de árbitros” da Rede Globo de Televisão. O choque pode ter havido, como houve. Daí aquilo ser um pênalti, são outros 500.

No fim, a justiça futebolística divina, vai prevalecer. Assim confio.

Voltamos a nos falar em 05 de dezembro.

=) Completamente apaixonado pelo “Som e a Fúria de Tim Maia”, brilhante e emocionantemente escrito por Nelson Motta e tardiamente lido por mim. Ainda estou na década de 70, mas já estou mais apaixonado que nunca pelo genial gorducho da galera do Matoso que ganhou o Brasil depois de passar todo tipo de perrengues e que é um artista como já não se faz mais e provavelmente não se fará nunca mais na história do show business.

Que Tim Maia descanse (merecidamente) em paz onde estiver. Mesmo que seja tocando o zaralho.

Bip. Bip.

Ouvindo: (claro) Tim Maia (década de 70)

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