terça-feira, 9 de novembro de 2010

Caê + Gadú + Vilhena

= ) Depois de um (nem tão) longo e (nem tão) tenebroso inverno, eis me aqui, digníssimos, para dissertar acerca de dois interessantíssimos eventos presenciados por mim na última semana.

O primeiro (e mais chocante, pois realmente não esperava, nem de longe, verr o que vi) foi o musical “Hedwing e o Centímetro Enfurecido”, estrelada por Paulo Vilhena (assim, sem o “inho”), Pierre Baitelli e Eline Porto, dirigido e adaptado por Evandro Mesquita e traduzido por Jonas Calmon Klabin, e contando com uma banda de apoio (inicialmente, minha maior motivação para assistir à peça) que além de ser composta por grandes amigos, é uma das melhores bandas de rock já formada no Rio de Janeiro (Alexandre Griva (bateria), Patrick Laplan (baixo), Fabrizio Iorio (teclado) e Pedro Nogueira (guitarra)), e que encerrou a temporada de estréia no Teatro das Artes na Gávea no último sábado, dia 06, mas que certamente retomará suas atividades em breve em algum outro palco do Rio ou fora dele.

Não sou critico de teatro. Na verdade, não sou critico de porra nenhuma. Mas sou critico. Pracaralho. Com tudo. Inclusive comigo. Por isso, me sinto no direito e no dever de sempre dividir com vocês, mês 17,5 leitores, neste espaço que É MEU, minhas impressões sobre os mais variados e diversos, relevantes ou não, temas. E vos digo: assistam a essa peça! Se você curte rock, glam rock, interessantíssimas canções e interpretações de rock na melhor linguagem de Bowie, Iggy Pop, Lou Reed, etc, assista a esse musical! Se você curte um texto ácido, intenso, desafiador e divertidíssimo ao mesmo tempo, assistam a esse espetáculo! Se você curte atuações impactantes e viscerais, sem cair no estereótipo, na banalização de tipos já bem batidos, mas apresentados aqui com um frescor de excelentes novos atores, assista a esse musical! E se você, assim como eu (principalmente por estar muito puto depois de ter ido parar no teatro errado e ter que pegar, em plena quinta feira, às 20h, um taxi pra chegar em 10 minutos de Copacabana à Gávea) apostava seu rabicó que o Paulinho (ai sim, com “inho”) Vilhena pudesse ser um ator (ok, ele já tinha me deixado com a pulga atrás da orelha quando contracenou com Daniel Dantas em Paraíso Tropical), pelo amor de Deus: VAI LOGO VER ESSA PORRA DESSA PEÇA!!!!!!!!

Não por que Paulo seja o melhor ator em cena. Mas pelo simples fato de que ele é um ator. E bom. Por que na boa, não dá pra dizer que foi cagada, pura sorte, ter pego esse papel nesta peça excelente,  e que a partir de agora ele vai voltar a fazer um monte de bobeirinhas de Malhação. Paulo se tornou um bom ator. Deve ter estudado muito, se preparado muito e deixado de vez o bom ator que talvez sempre tivesse existido, mas que estava adormecido e dopado pelo caminho fácil do “galã-de-malhação-da-globo” dentro dele, vir à tona.
Paulo está tão irreconhecível que eu demorei um bom tempo pra descobrir quem era ele em cena. Voz, trejeitos, caracterização, sotaque, figurino, e principalmente atuação, fizeram com que eu me confundisse a ponto de não saber mesmo quem era ele e quem era o (ótimo ator) Pierre.

Do meio do espetáculo, que conta a história de um travesti cantor performático na Berlim Oriental e posteriormente nos Estados Unidos na mesma época da queda do muro de Berlim, há mais de 20 anos, Paulo realmente rouba a cena (mesmo sendo um cantor limitadíssimo).
O texto intenso, divertido e emocionante ao mesmo tempo, que faz com seu estômago e seu coração uma verdadeira montanha russa de sentimentos, de nada adiantaria se a verdadeira atuação acertada, na medida, firme e segura dos três atores (principalmente de Paulo, que sempre é e será o mais cobrado pelo seu passado de ex-namorado da Sandy e afins) não estivesse ali, presente, e acima de qualquer suspeita.

No fim da peça, tive o dever de apertar a mão de Paulo, olhar nos seus olhos e dizer: “Parabéns! Que mulher gata e gostosa que você tem (ela estava na platéia)!”. Mentira. Isso eu só pensei. O que eu falei de verdade foi: “Parabéns. Parabéns de verdade. Muito, muito bom.” Sei que não foram muitas palavras, mas tenho certeza que pela firmeza do aperto nas mãos e pelos meus olhos fixos nos dele, ele entendeu que eu tinha ficado verdadeiramente emocionado.

Paulo Vilhena me deu um soco no estômago e puxou meu tapete ao pisar naquele palco naquela quinta-feira de novembro de 2010 e provar que ninguém tem a obrigação de nascer sabendo. Mas todos temos o direito e o dever de aprendermos ao longo da vida. Paulo está aprendendo. Tenho certeza disso.

Quem também não nasceu sabendo foi Gadú. A Maria. Que não se chama, pra minha surpresa, nem Maria, nem Gadú. E que ainda tem que ralar bastante, principalmente nas letras de suas composições, pra ser considerada uma artista de primeira grandeza. Mas, que com apenas 23 anos, sem dúvida, é a maior artista de sua geração de músicos. Com metros de distância de qualquer outro segundo colocado. E no caso dela, não é só demérito da geração dela, não.

Mas da Gadú, em específico, vou falar na série de textos que começarei ainda essa semana com as minhas “Novas Meninas TOP 5 da música brasileira”. Vou falar rapidamente sobre o encontro mágico entre Gadú e Caetano que presenciei no último domingo, 08 de novembro, na concha acústica de salvador, e que vai rodar o país sob o título de DUO Caetano + Gadú.

Sou, por inúmeros motivos, fã incondicional de Caetano Veloso como artista. Claro que não dá pra separar completamente o profissional, músico, cantor e compositor Caetano, da pessoa Caetano. Hoje, (feliz ou infelizmente), muito do seu êxito como artista acaba sendo construído fora de campo. Fora das quatro linhas... do palco. E muito do que vejo as pessoas repudiarem no Caetano, tem a ver com a postura dele extra palco, fora o trabalho artístico. Eu adoro Caetano, de todas as formas. Mas respeito quem não gosta. Só peço que não misturem suas composições, discos e carreira, com suas declarações bombásticas, sua digressão em entrevistas e seus conhecidos, copiados e questionados bordões. Ou não.

No backstage desse lindíssimo show, pude notar quão inteligente emocional e artisticamente e quão generoso é Caetano. Tudo ao mesmo tempo, agora.
Convidar Gadú pra essa série de shows é, ao mesmo tempo, uma prova de generosidade e homologação que a cantora precisava pra ingressar num outro patamar de sua carreira, e, ao mesmo tempo, uma forma inteligentíssima de renovar seu público. Por que, na boa, pelo menos em Salvador (e acredito que possivelmente se repetirá ao longo de todo o Brasil), pelo menos 40% do público estava lá única e exclusivamente pra ver Gadú. É muito se pensarmos que do outra lado temos um dos 3 maiores artistas da música brasileira de todos os tempos.
O encontro foi emocionante e emocionado. Vozes, timbres e repertórios complementares e que em momento algum pareciam concorrer. Um show de bom gosto. Um projeto que não parecia (como por exemplo, foi Ana Carolina e Seu Jorge) um projeto, e sim um show de amigos de longa data que se curtem, se respeitam e se divertiam visivelmente no palco.

Gadú casou imenso frisson na meninada que compõe seu público, levando a concha abaixo já na sua entrada. E assim foi da abertura com os dois cantando Beleza Pura, e seguindo com a cantora sozinha no palco, desfiando seu repertório autoral, cantado em uníssono pela platéia, ao fim. Quando eu achava que (parece heresia, mas não é), ia ficar ruim pro lado de Caê (a molecada tava histérica com Maria), ele me puxa “Sozinho” (mais uma prova do quão inteligente é a carreira do cantor e intérprete Caetano, que se apropria de hits de estilos tão, aparentemente, divergentes ao dele, pra penetrar de forma tão delicada e pouco invasiva no universo, no ouvido e casas de públicos que jamais se interessariam por seu trabalho autoral) e Alegria, Alegria, redimensionando as grandezas artísticas em questão, fazendo os 5.000 presentes irem ao delírio e dando de leve um “Menina, você é boa. Boa demais. Mas quem manda aqui é o papai.” Tudo com uma classe, elegância e um carinho impares.

“O” momento do show, em minha opinião, foi o baiano e nordestino Caetano Veloso, cantando com a paulista Maria Gadú, o hino Sampa, na concha acústica de Savador – BA, emocionando a platéia inteira e dando, sem nenhuma intenção ou discurso, um ponto final nesse rebuliço causado por meia dúzia de bobos, preconceituosos e mal educados meninos e meninas sulistas na repercussão virtual sobre o resultado das eleições presidenciais. Gadú galgou um novo degrau do seu espaço com essa assinatura de Caetano. Caetano rejuvenesceu uns 20 anos seu público com esse mimo em Gadú. E tudo certo. Como 2 e 2 são 5.
A turnê, provavelmente passará pela sua cidade. São 8 ou 9 shows, se não me engane.
Perca essa não, rei. Se não vai ser um “shimbalauê nos acuda”!!!

= ) Perguntar não ofende: ser uma versão “ainda mais sertaneja ”, conforme a divulgação abaixo da música nova de trabalho de Latino com a dupla João neto e Frederico, é bom ou ruim?


Ouvindo: trilha de I am Sam (entrando na vibe do Paul).

7 comentários:

  1. João, eu assiti à peça e adorei! Ficou muito bom seu post.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Adorei tudo o que vc escreveu e como vc escreveu! Siga em frente com isso... Bjs!!!

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  4. rê!!! muito bacana, né??? curti mesmo.
    rafa... vc tá acompanhando de perto o drama da família brasileira...hahahaha
    beijos queridas
    ps.: alguém sabe como a gente coloca aqueles bagulhinhos pra divulgar no orkut, face, twitter, etc no final das postagens??? um dia ainda aprendo a mexer nesta porcaria!!!

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  5. Você escreve bem,rapaz...Cheio de graças, mais bem constante com as palavras!! Vou visitar seu blog sempre!!

    Ah! sobre sua pergunta

    tá aê a resposta

    http://www.noticiaeblog.com/2010/06/botoes-de-compartilhamento-novo-recurso.html


    http://bloggandonaweb.blogspot.com/2010/05/como-adicionar-botoes-de.html

    http://crazyseawolf.blogspot.com/2010/06/como-colocar-e-ativar-os-botoes-de.html

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  6. jak!!! saudades prima!
    jamileeeee!!! brigadú! vou ler tudo.
    bjs

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