O trajeto, pelo que entendi, continua o mesmo. A cor, aos poucos (assim como de todos os ônibus do Rio) me parece que será alterada para cinza. De diferente, acredito que seja só o ponto final (imagino que agora na Lapa... ou não???).
O que levou a essa mudança, se será benéfica ou não, todas as questões sócio-culturais, técnicas e de logística, nada disso importa nesse momento.

Sou filho de um sujeito que nasceu em 1919 e morreu em 1998, aos 78 anos, e até meus 18 anos, ouvi muitas, muitas histórias do meu bom e velho pai sobre como caminhou a humanidade.
Mas confesso que poucas vezes na vida, me deu um aperto, uma sentimento indefinido e indefinível, quanto há poucas horas, quando entrei no tal do 162.
O 572 era o nosso maior divertimento. Era um passeio, não uma condução. Era um prazer, não uma necessidade. Quando pequeno, era o ônibus que nos levava a praia, eu e minha turma. Primeiro no Leme, onde jogávamos bola (e posteriormente um futebol americano bem safado), depois no Arpoador (na época do “Jacaré” e do body board). Já na adolescência (ate pq o metrô mais próximo era em Botafogo!!! Nem se sonhava em estação General Osório) nosso destino era o Posto 9, Ipanema. Parar sábado de manhã, num dia ensolarado, na frente do Ciep do Catete, e ver o 572 fazendo a curva em frente à delegacia nona DP, era uma sensação indescritível. Foi num 572 que eu dei meu primeiro calote, na época em que a entrada era por trás e você podia ficar sentado durante a viagem, sem ter a obrigação de passar imediatamente. Quase cai de cara no chão. Mas ou era a passagem, ou a raspadinha de groselha no Arpex. Pros dois, não dava. E raspadinha era boa pra casseta.
Na volta (por que ele é circular, ou seja, vai até o Leblon e depois volta pro Catete), sentávamos no ultimo banco, pra quando o ônibus descesse no viaduto que sai da Av. Pasteur, a gente dar aquele pulão e bater de cabeça no teto! Como criança é um bicho bobo... parecia uma montanha russa!
Já nas tardes de sábado, na década de 90, o 572 era o nosso “esquenta” pras matinês. Pegávamos o ônibus por volta das 16h. Ele passava perto da casa de todos, até chegar às boates do Leblon. Scala,Wels Fargo... a gente ia na janela e colocava o braço do lado de fora pro outro (que já esperava no ponto) entrar. Nem se sonhava em celular pra dar uma ligadinha quando estivesse chegando. E íamos cantando e batucando (com certa educação, sem os exageros que vemos a molecada cometer hoje em dia) algumas músicas que tocariam na boate.
O 572 também foi nosso fiel companheiro nas primeiras nights, com 16, 17 anos, ainda sem ninguém motorizado. O fato de ele rodar por toda a noite, era um segurança de que tínhamos como ir e como voltar das boates onde já entravamos com a carteirinha (muito mal) falsificada. Depois de meia noite, passava de uma em uma hora, mais ou menos. Mas como a gente já tinha a manha, saímos próximo ao horário de passagem do nosso “corcel amarelo, azul e vermelho”.
O 572, era nosso passaporte pra alegria. Era a minha ligação do Catete (e posteriormente, Glória, onde fui morar com 11 anos) para a Zona Sul propriamente dita. Para os agitos, as belezas, a carioquice das novelas de Manoel Carlos.
No 572 conheci pessoas. Paquerei. E até fui bem sucedido em algumas dessas paqueras!
Num trajeto do 572 entre Catete e Leblon, você vê mais gente bonita entrando e saindo do que em muitas boates de muitas cidades ao longo do pais. Você podia encontrar o amor da sua vida num 572!
No 572, o Rio é mais Rio. Digo, era. Por que pra mim, a partir de hoje, ele ficou apenas nas melhores lembranças. E enquanto escrevo, lembro e me emociono, sinto a brisa da praia e os agitos de uma época lúdica, que, certamente, não voltara.
=) Keilinha, minha irmã querida que nos deixou há exatos 4 anos num dia 24 de fevereiro, certamente ficaria chocada com a ausência do nosso bom e velho 572 pelas ruas do Rio. Saudades, minha irmã.

Ora, se a vida mudar é posar pro Paparazzo, ganhar o dinheiro de um apêzinho mostrando as “partes” na Playboy (essa parte é um pouco complicada, pq geralmente elas acham que são artistas e querem negociar um cachê – e poses menos ginecológicas – pertinentes a tal, e não a celebridades série B e C, e nessas, muitas se fodem, pq passa o momento e depois lhes resta, no máximo, uma Sexy), fazer uma capa da Boa Forma, do Plástica e Forma e do Noivas e Forma (edição especial de como trocar de noivo às vésperas do casamento), participar de alguns camarotes de festas e alguns desfiles de lingeries e depois de 8 meses ninguém (além da produção do Superpop) saber se você é um ex-BBB ou apenas a gostosa que malha na sua academia em Jacarépaguá, então esse povo realmente pensa muito, muito, muuuuuuuito pequeno!
Fora isso, seguem tentando fazer do Mau Mau o hibrido turbinado de Rafinha + Max. Sei não... não conheço o rapaz e nem tenho acompanhado essa edição pra dizer sim ou não. Mas me soa tão forçado quanto sortear carro pra quem vota por SMS. Só por SMS!
Acho que não teremos a edição número doze, não...
Ouvindo: o barulho do motor de 572.