Os quatro gêmeos do vinte e quatro

Dizem que Gêmeos é o signo oposto, ou complementar, à Sagitário. Na verdade, eu nunca pesquisei ou perguntei a um especialista pra saber se realmente procede. Porém, sempre que posso, e que a situação pede, lanço essa pérola pra tentar aprofundar o papo (do qual sei quase nada, mas enrolo bem, pois são anos usando a astrologia como pretexto para travar diálogos com moçoilas nos mais diversos lugares e variadas situações) num flerte despretensioso. Sendo verdade ou apenas um factóide, que longe de ser impossível ou sequer improvável, pode ter sido criado pela minha própria mente doentia, o fato é que minha vida está repleta de geminianos importantes. Amigos, parentes, namoradas... Só de namoradas foram quatro! Hoje, quando o papo começa a ficar bom, se a moça diz (previsivelmente) “sou geminiana” eu digo “vou buscar um drink” e vou embora da festa pra não dar sorte ao azar.
Exageros à parte, deste não tão seleto grupo de pessoas geniosinhas, ciumentinhas, inconstantezinhas e amavelmente chatinhas que nasceram sob o signo de gêmeos, quatro em especial, e especiais, completam mais uma primavera (ou no caso, outono) nesta segunda, dia 24 de maio. Pessoas maravilhosas, intensas e que já não consigo imaginar minha vida sem tê-las, de alguma forma, por perto.

Cronologicamente, Márcia França Shontag (tem trema no “o” mas eu não faço a mínima idéia de como se coloca) apareceu primeiro na minha vida. Mais especificamente no primeiro ano (ainda existe primeiro ano?) do segundo grau, em 1994. Marcinha entrou no Zaccaria no mesmo ano em que voltei ao colégio, depois de morar em Fortaleza e ficar a oitava série no Franco Brasileiro. Fizemos parte de uma memorável turma 2104, com muitos amigos, historias e figuraças! Márcia foi minha amiga durante todo o ano. Num show (o ultimo) da Legião Urbana no Metropolitan, me apaixonei pela Márcia. Um mês depois ficamos e namoramos por uns 4, 5 anos. Depois disso, viramos grandes amigos. Considero Marcinha uma irmã. Minha mãe a considera uma filha, minha avó, uma neta e a família dela é minha família também. Hoje ela esta casada com o Beto, meu melhor amigo mais antigo, e tenho certeza que não vai demorar muito pra me presentearem com meu primeiro afilhado. Márcia é ciumenta, muito ciumenta. Daquelas que só olha e você já sabe que vai dar merda. Márcia tem um senso de justiça, uma humanidade e um coração tão enormes quanto a gratidão que tenho por ela. Doutora Márcia é hoje uma médica respeitada e lida diretamente com uma das maiores mazelas da humanidade, AIDS. Mas antes de ser Doutora Márcia, Marcinha já era médica. Já tinha esse sacerdócio dentro dela e nunca alguém me passou tanta certeza de que estava no caminho certo quanto ela ao tentar (algumas vezes) até conseguir passar no vestibular para medicina. Márcia é a única pessoa no mundo que quando me dá um esporro, seja em qual for a situação, eu vou parar, ouvir e não vou discutir.

Em 1995 montei minha primeira banda: The Sirs (a lenda). E através do guitarrista Marcelo Rezende e do guitarrista que entrou no seu lugar após sua viagem pros EUA (Liô Mariz) conheci um sujeito chamado José Carlos Rezende, o pai do Liô e do Marcelo. Zé foi o cinegrafista oficial do The Sirs e o primeiro contratante do Som da Rua (o primeiro show da banda aconteceu no extinto Lugar Comum, em Botafogo, na festa de aniversário do Zé), além de ter sido roadie, motorista, produtor, técnico, camareiro e o que mais um pai pode ser pra ajudar a concretizar o sonho de um filho. Zé Carlos foi sem duvida um dos maiores incentivadores e divulgadores da banda, e ainda é um ativista quando o assunto é levar adiante o legado musical deixado pelo nosso querido e saudoso Liô. Zé é genioso. Ao extremo. Ciumento pra caramba, também! Me identifico muito com algumas posturas e reações dele, e talvez por isso, o entenda muito bem. Zé deixou de ser o pai dos meus amigos e se tornou, verdadeiramente, um amigo.

Desde pequeno, uma das minhas frustrações maiores é ser perna-de-pau. Adoro futebol mas não sei jogar. Era sempre (salvo quando ia para o gol) um dos últimos a ser escolhido para integrar o time. Talvez por isso, mesmo sem sermos amigos ou sem termos sido alguma vez da mesma sala, desde pequeno sempre prestei atenção naquele menino baixinho e com um encéfalo avantajado que tinha facilidade extrema em driblar e fazer gols. Mas foi no final do segundo grau que nos tornamos verdadeiramente amigos. Leonardo Maciel Aydelkop não só é meu melhor amigo mais inteligente (talvez isso explique o tamanho da cabeça) como é também a alma mais pura e doce que conheço. Um profissional competente, um pai (aos 31 anos Léozinho é pai de uma menina linda chamada Gaya e do seu mini me chamado Guga) apaixonado pelos filhos e um marido exemplar. Léo é o marido que toda mãe deseja pra sua filha e tudo que eu quero ser (se) quando crescer. Léo é o, aparentemente, menos geminiano dos geminianos que conheço. Mas só aparentemente. Ele é do tipo geminiano implosivo. Apesar de extremamente equilibrado e controlado, calmo mesmo, não me espantará se um dia ele tiver uma reação extremada para resolver algo. Eu sei que ele pode fazer isso. Apesar de nunca ter feito. Léozinho vai fazer muita falta no dia a dia, pois se mudou esse mês para morar, por tempo indeterminado, em Curitiba. Léo é, definitivamente, uma alma que, sem dúvida alguma, vai para o céu.

At last but not least (isso me fez lembrar como odeio e tenho vontade de socar a cara de pessoas que usam a torto a e direito expressões em inglês, francês, ou qualquer outra porra de língua que não seja a nossa), em outubro de 2006 troquei olhares com uma menina numa festa de aniversário de uma amiga num playground e pensei: hum... que menina interessante. A partir daí, eu e atriz (por que ela realmente é atriz. Atriz de verdade, que estudou que sabe o que é atuar) Tatiane Odile Pasquali vivemos uma historia linda e com altos (muito altos) e baixos (muito, muito, muuuuuuuuuito baixos...rs)., mas que é, até hoje, a grande historia de amor da minha vida. Tati é intensa, muito intensa, talvez a pessoa mais intensa com quem convivi, principalmente se tratando de relacionamentos. Tati tem os traços mais marcantes de uma mulher geminiana: é ciumenta, possessiva, alterna sentimentos como se vivesse numa constante TPM, sensível ao extremo e geniosa, muito geniosa. Isso a torna em muitos momentos, extremamente impulsiva. E ai vem um outro problema que é a dificuldade de assumir os erros de imediato e virar a página (o oposto de mim). Na mesma medida, Tatiane é intuitiva (dona do maior sexto sentido que já tive conhecimento) ao extremo, criativa (em todos os sentidos e âmbitos), carinhosa, amorosa, boa amiga, bom coração e dona de uma capacidade de amar e de se entregar como nunca vi na vida. Tatiane, independente de signo, é de certa forma, meu oposto. E até meu complemento.
Tatiane é e sempre será um pedaço de mim.
Não sei como classificar o tipo de relacionamento que temos hoje. Mas sei como classificar o amor que tenho por ela e a torcida para que tudo, tudo dê certo na sua linda vida: irrestritos.

Que o dia desses quatro amores da minha vida sejam repletos de felicidade, bem como suas vidas inteiras, e que o destino reserve tudo, tudo de melhor para cada uma delas, por que tê-las na minha vida, de certa forma é um norte, uma forma de saber que não devo ser tão ruim assim. Pois ninguém tão ruim assim poderia estar cercado de pessoas incríveis.

Parabéns! E desculpe pela super exposição. Mas pensem que apenas 17 pessoas e um anão lerão isso mesmo.

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Ouvindo: David Bowie (diversas)