segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Eu e Lulu. Lulu e eu.

= ) Ontem, reencontrei-me com Lulu Santos. Reencontrei-me com o prazer de assistir a um inspirado artista Lulu Santos. Não. Não fui ao camarim ao término do show, tampouco esbarrei com ele chegando de carro pelo portão backstage do Vivo Rio. Não encontrei com a pessoa Lulu Santos, apesar de já ter tido algumas poucas, inusitadas e interessantes historias com ele. Encontrei-me com ele no palco. Eu na platéia e ele no palco, obviamente. Estava lá o melhor artista “mais do mesmo” da historia da musica pop brasileira, sem nenhuma conotação pejorativa, diga-se de passagem.
Na minha avaliação, o trabalho do Lulu não se notabilizou pelas inovações musicais. Claro que você vai dizer: mas e “Eu e Memê”??? Sim, claro!!! Foi bastante ousado o mergulho na musica de pista que ele fez com Memê naquela época. Em alguns momentos, como neste, ele foi muito feliz ao tentar trazer elementos diferenciados ao pop rock certeiro que sempre fez. Mas não consigo ver isso como a tônica do trabalho dele. Apesar de identificar a preocupação que ele tem em quase sempre tentar ousar. Muitas vezes não funciona. Mas mesmo não funcionando, ainda assim existe qualidade (sempre) no que ele faz.
Lulu é um cara da “escola da canção”. Lulu é um cara da “escola do Paul”. Canções pops talhadas artesanalmente com rigor incrível. Como (quase) não se vê mais hoje em dia. Hoje, temos os mestres (incluo o próprio Lulu nesta), penando suando a camisa para apresentar duas ou três boas canções por disco, versus uma molecada que parece não dar a mínima para o sagrado oficio de se fazer boas canções e enchendo as nossas rádios, TVs e internet de melodias batidas, harmonias paupérrimas e letras medíocres. Observando o primeiro time, chego a cogitar que as boas canções são sim uma fonte que uma hora seca. Pra alguns demora mais. Bem mais. Pra outros, seca em um, dois discos. Em alguns casos, como Caetano Veloso, ela seca e volta a brotar. Mas é difícil. Não me lembro da última grande canção do Djavan, por exemplo. O Lulu mesmo tem colocado uma ou duas, no máximo, boas canções em seus últimos três, quatro discos. Tenho a leve impressão de que pros artistas que tem como matéria prima de sua musica a canção, é um pouco mais difícil essa reciclagem e continuidade, que pros artistas que tem como ponto fundamental as inovações técnicas, tecnológicas, rítmicas, de sonoridade, etc. 
A despeito disso tudo, no show Acústico Volume II que assisti na noite da ultima sexta, Lulu está (pra minha surpresa, pois não dava muita coisa por esse disco/show, visto que o Volume I considero fraquíssimo perto da obra do cantor/compositor/instrumentista/produtor brilhante que ele é) muito bem fazendo o que sabe (ou pelo menos o que tem sabido) fazer de melhor: recriar suas pérolas do cancioneiro pop brasileiro. Salvo um ou outro equivoco, o show é lindo, redondo, empolgante, emocionante e com uma pesquisa de sonoridades e timbres do universo “acústico”, como há muito eu não presenciava em nenhum trabalho do gênero no Brasil.
Uma banda incrível o acompanha e lhe da tranqüilidade e segurança pra brilhar e roubar a cena cantando, interpretando, dançando e tocando violões diversos como se fossem três ou quatro músicos tocando violões juntos. Apenas para deixar registrado, seja com guitarra ou violão, Lulu Santos é um dos melhores músicos da musica pop brasileira.
Claro que ter como matéria prima as mesmas e excelentes canções já consagradas (e mesmo as lado b, que são acima da media também) pra poder ousar na pesquisa de timbres e sonoridades, é um facilitador. Se não me engano, apenas uma ou duas músicas são inéditas.
Cenário (meio Africa, meio Jabulani...rs), iluminação, figurino, direção de palco, tudo é muito bem feito e impressionante. A participação da (nhooom, nhooom) lindíssima Marina de La Riva, acaba sendo um tanto quanto dispensável (que fique claro: não pra mim!!!), por que a platéia (ao menos a do Rio) não entende muito bem o que a moça faz ali. Mas nem de longe chega a comprometer. E o repertorio mesclando os top 5 com hits menos óbvios também funcionou lindamente.
Sai bastante satisfeito com o reencontro entre mim, Lulu e suas deliciosas “maisdomesmices”, e de certa forma mais amadurecido com essa minha busca incessante pela resposta sobre a escassez das boas canções. Tô mais tranquilão. Numa boa e curtindo o batidão. ; )


= ) Falando nisso, jamais ficarei triste, mesmo com as panelinhas, com a farofada, com a pouca perspectiva de que isso traga uma renovação, enfim... mesmo diante de todo o pessimismo inicial, jamais ficarei triste coma noticia de que teremos um novo Rock in Rio, adivinhem e pasmem, no Rio!!!!!!! Claro que estou feliz bagarai!
Mas realmente assistir ao making off da gravação do jingle e depois do começo com Frejat entrar na seqüência Toni, Ivo Meirelles, Sandra de Sá, Flausino e Ivete... até chegar a um momento “hip hop” com um slaps no baixo breguíssimos e o, obviamente, D2 falando meia dúzia de clichês... é, no mínimo, desanimador. Nada contra nenhum deles especificamente. Mas tudo contra essa junção e seqüência desastrosa!
 Sei que uma das características do festival sempre foi a diversidade. Sei também, que de um modo geral, os mais conhecidos e comercialmente viáveis artistas da musica pop brasileira estão ali e são esses. Mas será que isso é o bastante para representar (por que, sim!, esse jingle é a cara do festival) o mais importante festival de música pop do Brasil de todos os tempos??? Não sei se minha decepção é com o jingle ou com o cenário. Estou na dúvida. Mesmo.
Vale ressaltar também a carência que a música brasileira tem na atualidade de bons arranjadores. Ou eles não mais existem ou os produtores, gravadoras e os próprios artistas mesmo, não acham que é importante ter alguém especializado nessa parte tão importante da música.
No caso em especifico, achei brega, datado (isso não tem muito a ver com a execução dos músicos não, por que todos certamente são excelentes executores) e sem criatividade. Poderia ser tocado pelo NXzero ou pela banda de baile do Passeio Publico Café. Não sei se faria muita diferença não. Quem sabe se até setembro do ano que vem a coisa muda um pouco. Rezemos.


= ) Por fim, perguntar não ofende: se proibiram fazer humor com as campanhas políticas, será que a recíproca vai ser verdadeira? Será que proibirão que os políticos façam humor com ossa cara? De preferência nos próximos 4 anos? Romario, Waguinho (aquele do grupo de pagode Os Morenos que engravidou Solange Gomes, a da banheira do Gugu, foi preso por que não pagava pensão, virou evangélico e quer ser Senador), Tiritica!!! É... é dureza pra qualquer humorista concorrer com esse show de piadas.


Bjtchau!


Ouvindo: Billie Holiday (vários)

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