quarta-feira, 3 de março de 2010

Com certo atraso, mas ainda valendo, a crítica da crítica (ou está na hora do leão beber leite)...

= ) Eu ia escrever sobre um lindo e elegante show assistido no ultimo domingo, dia 28.
O show de uma linda e elegante banda que, se não mudou a historia da humanidade (quiçá da música pop), nem a vida de ninguém, tem construído uma carreira correta e coerente (o que nos dias de hoje já é um grande mérito) e que tem um enorme habilidade para construir canções melódicas que, ora estampam um sorriso leve e bobo no canto da boca de quem as ouve, ora deixa rolar uma discreta lagrimazinha de emoção e até uma certa e controlável dor de saudade (seja de cotovelo ou não).

Eu ia falar do show dessa banda... até ler a lamentável e extremamente mal colocada “critica” (???????) do senhor Tom Leão no jornal O GLOBO (li a versão on line) e me lembrar (sim, por que há tempos não leio critica alguma, logo já tinha esquecido como era) o quão feio e tendencioso se tornou o jornalismo musical. Ao menos no Brasil.

Não sei se ele sempre foi tendencioso e feio, ate por que só tenho 31 anos e era jovem demais pra lembrar o que havia nas páginas do Pipoca Moderna. Mas lembro da Bizz (revista onde o mesmo senhor Tom Leão escrevia) e lembro de ser bem informativa e embasada nas suas matérias. Seria a Bizz realmente boa, ou seria eu mais ingênuo em virtude da pouca idade e experiência?


O fato é que concordo em gênero, numero e grau com comentário no site da globo.com escrito pelo internauta iabg onde o mesmo diz:


“Eu respeito o fato de alguém não gostar de Coldplay, gosto cada um tem o seu. Mas daí ao Jornal colocar alguém que não é nada imparcial para comentar e de quebra denegrir a imagem da banda é inaturável.

O que eu vi no show, foi uma platéia satisfeitíssima que até pós show, do lado de fora da apoteose cantava maravilhado as músicas da banda.

Por favor, não percam a credibilidade”.




E é exatamente isso que acontece. Está nítido que ele não gosta da banda. Não gosta do estilo. E não se limitou a resenhar o show. Ou até mesmo a criticar de forma embasada.


Ele não cita o nome das músicas (a não ser um ou outro hit) nem dos álbuns (além do que dá nome a turnê), não comenta as sequências nem o roteiro do show, não fala o sobre os integrantes (a não ser quando chama, tentando alfinetar, o excelente Chris Martin de Mr. Paltrow, numa alusão um tanto clichê ao fato dele ser casado com a atriz Gwyneth Paltrow) ou usa quesitos realmente técnicos para embasar seu texto. Não fez por que não sabia nada sobre a banda (pelo fato de não gostar da mesma, nitidamente) e nem ter se dado ao trabalho (afinal, ele recebe pra isso) de pesquisar? Capaz.


Ele atribui os raros momentos de emoção do show aos efeitos pirotécnicos de luz, telão e cenário. Como se haver bons efeitos que impactem o publico não fosse também um mérito da banda. Ele falaria isso do Radiohead (o melhor show da minha vida, mas que certamente teria 1/3 a menos de graça não fossem os efeitos)? Ele falaria isso do Kiss?????? Da Madonna?????????? Do Radiohead acho que ele também não gostou. Ou foi o Jamari França??? Enfim, dá no mesmo.


São raras as bandas como o Pearl Jam, que tocam apenas com um pano preto de fundo e fazem um showzão. Eu, sinceramente, fico até meio puto quando pago pra ver um show grandioso, internacional, com todo acesso a inovações técnicas e (salvo raras exceções como o próprio Pearl Jam) os caras me aparecem com um pano de fundo preto!!!


Sinceramente, me senti muito mais impactado visualmente no primeiro show deles no antigo Metropolitan em 2003. Achei visualmente mais bonito. Achei que aquela luz, daquele show, era sim inovadora. Dessa vez, ouve só uma continuação e adaptação daquela onda para uma arena.


Sim, por que ao contrario do acha o senhor Tom Leão, eu acho que o Coldplay é sim uma banda de arena. Banda de arena é diferente de rock de arena. Uma banda de arena é uma banda que simplesmente não tem mais tamanho pra fazer show em lugares menores. O Coldplay faria o que? Uma temporada de 5 dias no Citibank Hall??? Pra contemplar as 34 mil pessoas que foram assistir ao show?


A partir daí, uma chuva de comentários infelizes como citar Keane e Killers como bandas contemporâneas que poderiam fazer apresentações mais empolgantes (vi os dois e acho que são excelentes. Mas o Coldplay é o primo mais velho que quando chega no almoço de domingo na casa da vó, tem que ter a reverencia da molecada mais nova sim. E tem. E faz por onde). Diz Chris Martin “se esforça e consegue ate convencer que tem voz” pra compensar o exorbitante preço de R$500,00 que é basicamente o que tem custado a maioria dos ingressos de pista VIP. Pra começar, ele é sem duvida alguma, sem medo algum de errar, um dos melhores vocalistas/cantores/performances da musica pop na atualidade, e exorbitante seria em qualquer situação. R$500,00 é exorbitante até pra ver Jesus Cristo, porra!!! Não tem a ver com ser caro pro Coldplay ou para o que o Coldplay apresentou. É caro, ponto! Que tipo de comentário idiota é esse???


O senhor Tom Leão diz que as musicas não empolgam e que o show não esquenta. E que logo no comecinho, eles tocam Clocks, “uma musica que até sua mãe conhece” (mérito da banda e mérito da sua mãe, obviamente). Ora... seria Clocks, uma musica conhecida ate pelas nossas mães (Dona Leoa deve conhecer Tb) e de andamento e pulsação elevadas, um chorinho??? Uma valsinha??? Uma bossa nova??? Uma acusticazinha no barzinho e violão??? Eu vi 34 mil pessoas pulando nesse momento. E dançando. Por que Coldplay também é pra dançar. Mas o que esse senhor não entendeu, é que apesar de estar tocando numa arena, Coldplay não é uma banda de rock de arena. É uma banda de canções. De lindas baladas, de lindas e emocionantes canções. Coldplay não é o Green Day, o Foo Figthers, nem o Led Zeppelin. James Tylor também não é nenhum desses. Bob Dylan também não. Alguém ia num show do Simon e Garfunkel esperando sair ensopado de tanto pular de lá???? Então por que esperar por Speed of Sound, musica do disco anterior a esse, pra fechar o show? Eu adoro a musica. Mas me emocionei tanto ao ouvir The Scientist (que não é um hit recente, como o nosso amigo felino erroneamente coloca em seu texto e sim do segundo disco de 2002) que nem percebi que Speed não tava rolando.




E assim terminou um lindo show, que mesmo debaixo de uma chuva que não parou um minuto (seria a chuva também parte da pirotecnia cênica dos britânicos? Pra dar um climazinho Londres na parada?) fez 34 mil pessoas dançarem, pularem, cantarem juntas e se emocionarem, principalmente se emocionarem, ao ponto de do lado de fora da Apoteose, ainda se ouvir o coro ôoooo, o! ôoooo, o! (a torcida elegante do flu precisa urgentemente adaptar pra tricolooo, or! Tricolooo, or!) pelas ruas.


Fora isso, deu meia dúzia de bordoadas no Vanguart, usando a frase mais clichê (pra ser coerente com o texto todo clichê) de que o Vanguart é a Manu Magalhães na versão masculina. Como se isso fosse um demérito. Um câncer. Um problema!!! Ainda escreverei (deixa só eu ouvir o disco novo legal) meu manifesto em defesa dessa menina!!!


E deu uma amenizada no Bat4Lashes por ser ainda uma banda menor e com cara de indie, claro! “Fosse um TIM Festival e o Bat4Lashes sairia de cena consagrado. Natasha pode não emplacar em FMs e pistas, mas tem uma bela carreira pela frente, porque lhe sobra talento”. O Globo devia escalá-lo apenas e sempre só para eventos com essas características. Por que pelo tom do Tom, do Senhorzinho Malta da critica musical brasileira, emplacar em FMs e pistas parece ruim. Parece menor artisticamente do que ser bem resenhado no Rio Fanzine.


Nós não vimos o mesmo show. Definitivamente. Graças a Deus. E infelizmente, esse não é um fato isolado. Antes, bons, interessados e interessantes profissionais. Hoje, senhores metidos a meninões que acham que são deuses e que podem tudo e sabem.


Ai, ai Tom Leão Lobo... volte a falar da cena indie-electro-cyber-furfles do Kosovo, que é o que tem feita no (outrora interessante coluna no jornal O Globo) Rio Fanzine há tempos. Lá realmente se faz musica de excelente qualidade para empolgar a valer a moçada jovem. Como você, né?


= ) Genial mesmo foram duas frases ouvidas na noite do show:


1) Essa capa de chuva é perfeita para shows de até 3 horas de duração! – Vendedor argumentando com compradora na entrada (será que nas micaretas ele aumenta pra 5h???)


2) Esse publico de show de rock é cheirosinho, né? – Flávio Guerra ao perceber um belo grupo de moçoilas a nossa frente. (quero ver ele falar o mesmo num show no Garage!!!)



= ) Jornalismo, lindo, emocionante, bem feito é o que acabei de presenciar no texto de Renato Ribeiro no Globo Esporte falando sobre os 100 dias que faltam para a Copa e dando uma chacoalhada em quem ainda teima em olhar a África como apenas “os pobrezinhos”. Belo texto. Bela edição. O Jornalismo ainda não se perdeu completamente.


Ouvindo: Roberto Carlos – 1979

Ps.: Julio, antes que você reclame, tá grande sim! E se quisesse escrever textos com até 144 caracteres, teria um twiiter, não um blog.

8 comentários:

  1. credo... será que foi alguma praga dele??? o que acontece com minha postagem????

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  2. Tinha esquecido o quanto vc escreve bem! Ótimo texto e com uma clareza para defender sua opinião que muitos jornalistas bem pagos hj em dia não tem!

    Quanto ao seu proprio comentário, posso dar minha opinião de nerd e de alguem q até sonha em html? Com certeza foi algum caracter que tb é entido como código pelo computador que ficou aberto quando vc copiou o texto da menina.

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  3. vc é minha idola!!! acabaram de me dizer isso aqui. qto a escrever bem, sem as cobrinhas do corretor ortografico nao sou ngm! por fim, pra nao parecer injusto, segue a materia original: http://oglobo.globo.com/cultura/mat/2010/03/01/luzes-cores-para-espantar-tedio-no-show-do-coldplay-no-rio-915959470.asp#coment

    bjs

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  4. http://www.oglobo.com.br/blogs/jamari/post.asp?cod_post=270324&cx=0

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  5. João, sensacional o texto. Estive no show e me emocionei muito. Showzão que poderia durar mais duas horas e com chuva! Me diz como faço pra te dar o CD da MaLLu.
    Bjo

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  6. ih... me fodi.. o jamari gostou!!!rs
    mas no radiohead ele meteu o pau. eu acho...
    rs
    ebaaaaaa! ganhei um cd da malu.
    assim que der passo ai pra pegar tati (cantinho, ne???rs)
    bj

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  7. wrong again sweetheart.
    http://oglobo.globo.com/blogs/jamari/post.asp?cod_post=170846&cx=0

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